Grandes riscos: Apólice de R$ 140 milhões cobre a construção do parque no Estado do Rio.
Allianz fecha seguro da primeira usina eólica da região Sudeste.
Angêlo Colombo, diretor da Allianz: grupo também ficou com o resseguro
O setor de energia tem rendimento bons negócios para as seguradoras. Depois de participar das mega-apólices das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, a Allianz Seguros fechou a primeira apólice de uma usina eólica na região Sudeste.
O seguro cobre a construção da Usina Eólica Gargaú. O parque fica em São Francisco de Itabapoana, no norte do Estado do Rio de Janeiro. Tem 17 aerogeradores (como são chamados as hélices que fazem o vento virar energia). O projeto é de R$ 140 milhões, valor em risco da apólice.
A Allianz ficou com o risco de engenharia da obra e responsabilidade civil (cobertura dos danos causados a terceiros). Há ainda um seguro adicional, chamado de Alop que cobre a perda de lucro esperado. Ou seja, ele garante a receita da venda de energia caso ocorra algum dano ou acidente que atrase as obras e comprometa o início da geração, conta José Sanches, da área de riscos de engenharia da Allianz.
O empreendimento pertence ao grupo Ecopart Investimentos. Os acionistas do grupo são a Ecoinvest e Taelinvest, fundo de participações (private equity) do Grupo Ourinvest. A obra está prevista para terminar em 2010 e vai gerar 28,05 megawatts (MW).
A Allianz ficou com o seguro e também com o resseguro do projeto, por meio da resseguradora do próprio grupo alemão, a Allianz Global Corporate & Specialty, que está abrindo escritório no Brasil. A inauguração oficial será em agosto, com a vinda de executivos da Alemanha.
Segundo Angelo Colombo, diretor executivo de grandes riscos da Allianz, a apólice chegou a ser oferecida para as resseguradoras que operam localmente no Brasil. Mas por ser um tipo raro de seguro, ainda sem histórico no mercado brasileiro e, portanto, de difícil precificação, elas recusaram o contrato. Com isso, a Allianz Global ficou com o risco.
A Allianz tem a experiência em parques eólicos na Europa, onde participou do seguro de várias usinas, em países como Holanda, Espanha e Dinamarca. Lá, com o avanço da tecnologia, cada aerogerador gera 7 MW, enquanto aqui se limita a 2 MW. Na Dinamarca, por exemplo, o diâmetro das hélices já chega a ser do tamanho de um campo de futebol.
No Brasil, dos poucos parques eólicos que existem, a seguradora também participou do seguro, incluindo alguns no Ceará e o maior do país, o Ventos do Sul (no Rio Grande do Sul). No Gargaú, a AD Corretora de Seguros também participou da colocação.
Segundo Colombo, as atenções agora estão voltadas para o leilão de energia eólica que o governo fará e deve gerar novos negócios. Marcado para 25 de novembro, já conta com 441 projetos habilitados, a maioria para a região Nordeste.
Impulsionada pela área de energia e outras, como construção civil e aeronáutica, a área de grandes riscos da Allianz já registra crescimento de 80% este ano nos prêmios, superando R$ 200 milhões. Só em usinas, são 27 pequenas centrais elétricas na carteira de riscos de engenharia. Na construção civil, resolveu apostar em projetos voltados para as classes de menor renda, que continuam em ritmo forte mesmo com a crise, que chegou a adiar as obras de grandes empreendimentos. Na área, trabalham nove engenheiros. (Altamiro Silva Júnior, de São Paulo – 31/07/2009 – Jefferson Dias/Valor)