Com o aumento da necessidade de importação de trigo de qualidade para abastecer a indústria nacional, o Moinho Pacífico, maior empresa de moagem de trigo da América Latina, pretende investir ao menos R$ 50 milhões para aumentar a capacidade de silagem em seu terminal localizado dentro do Porto de Santos, informou ao DCI o presidente do moinho, Lawrence Pih.
O aporte pretende expandir a capacidade de silagem do terminal da empresa em 25%, dos atuais 200 mil toneladas para 250 mil toneladas. Atualmente, o terminal do Moinho Pacífico tem a maior capacidade de silagem de todo o Porto de Santos e é usado não só pela empresa mas também por terceiros.
O grupo pretende ainda ampliar todo o terminal já existente para aumentar a capacidade de recebimento de mercadoria. Também há a possibilidade de construir mais um terminal do Moinho Pacífico, segundo Pih. Todos os investimentos serão feitos com capital próprio. Este deve ser o único aporte a ser feito neste ano pela empresa. Vamos investir só em infraestrutura no porto. Não vamos aumentar a nossa capacidade de produção.
Apenas investiremos em logística, que é o que o País precisa nesse momento, assegurou o executivo. O projeto de ampliação ainda está sendo realizado, e a sua concretização depende da aprovação do governo federal. Quando estiver pronto, serão iniciadas conversas com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Secretaria Especial de Portos (SEP) e o Ministério dos Transportes. Mas, segundo Pih, os investimentos apenas serão feitos se o Moinho Pacífico conseguir uma saída direta para ao porto.
Já temos um acesso, mas é dividido com outros operadores, disse o presidente da empresa. Pih prefere não dar prazos para o início das obras, já que o projeto depende de aprovação federal. Isso está sendo conduzido, não está maduro ainda, afirmou. Mesmo o retorno do investimento é ainda uma incógnita. É um risco que a empresa está tomando.
Não sabemos quanto vai remunerar e qual o prazo de amortização do investimento, porque o mercado é muito volátil. Aposta em silagem O plano para aumentar a capacidade de armazenamento de grãos e cereais no porto dá continuidade aos investimentos em silagem realizados pelo Moinho Pacífico no ano passado.
Em 2013, a empresa investiu R$ 160 milhões na construção de três silos que, juntos, têm capacidade para armazenar 95 mil toneladas, e já estão em operação. Os silos foram erguidos em um terreno ao lado da planta moageira da empresa, também localizada em Santos.
O aporte, ainda de acordo com Pih, também foi todo realizado com capital próprio. Estamos apostando no crescimento da Ásia e na expansão da renda da população mundial. Evidentemente, aumentando a renda tem mais demanda. Terá mais migração de proteína vegetal para animal, o que vai demandar mais grão, argumenta o executivo.
Embora o valor de investimento para este ano seja menor que o do ano passado, a receita do Grupo Pacífico está em trajetória ascendente. Segundo Pih, o faturamento de 2013 cresceu 10% e a estimativa é que o aumento neste ano seja de 15%. Mercado de trigo e farinha O Moinho Pacífico deve receber em breve um carregamento de trigo da Argentina, que ontem liberou a exportação de 500 mil toneladas de imediato e sinalizou que deve embarcar mais 1 milhão de toneladas de forma gradual nos próximos meses. Os preços do cereal estão bem menores no início deste ano ante os patamares alcançados no ano passado.
Na Bolsa de Chicago, as cotações no mercado futuro chegaram a ultrapassar os US$ 750 a tonelada em janeiro do ano passado, e neste mês os preços giram abaixo dos US$ 600. Os preços do ano passado não vão se repetir de forma alguma, acredita Pih.
A queda nas cotações no mercado internacional nos últimos dois meses mais do que compensou a alta no custo de frete e na desvalorização do real. Com isso, é possível que a redução dos custos se reflita em recuo no preço da farinha para o mercado consumidor no segundo semestre. O preço pode recuar no segundo semestre desde que o câmbio se mantenha nos níveis atuais. Para o primeiro semestre é difícil, mas no segundo é possível se o governo eliminar a TEC [Tarifa Externa Comum], diz.
O governo voltou a cobrar a TEC sobre a importação de trigo de fora do Mercosul em dezembro, depois de meses de isenção durante o tempo em que a Argentina decidiu impor restrições às vendas externas do cereal.