Certame contratou 43% acima da demanda das distribuidoras, segundo EPE.
As eólicas foram as fontes mais competitivas no leilão A-3, que aconteceu nesta quarta-feira, 17 de agosto, em São Paulo. A fonte, que tinha vendido energia a um preço médio de R$ 130,86/MWh no leilão de fontes alternativas, que aconteceu no ano passado, conseguiu baixar ainda mais esse preço, ficando agora com um preço médio de R$ 99,58/MWh. Segundo Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, isso se deve as muitas indústrias fornecedoras de equipamentos que entraram no país.
A cada leilão eu acho que é o limite, que não dá mais. Eu achava que o preço não iria ficar abaixo dos R$ 120/MWh, que foi o preço mais barato ofertado no leilão passado. E isso é o bom do leilão, vem sempre nos surpreendendo, comentou Tolmasquim. Ele disse ainda que esse foi o leilão que contratou energia ao menor preço em três fontes. Nesse leilão tivemos três recordes. O menor preço de eólicas, o menor preço de bagaço e o menor preço de gás natural de todos os leilões, declarou o executivo. As térmicas a gás terminaram o certame com um preço médio de R$ 102,09/MWh, enquanto as térmicas a biomassa, de R$ 102,41/MWh. Hoje o preço médio pago pelo consumidor está em torno de R$ 108/MWh e o preço médio do leilão foi de R$ 102,07/MWh, o que mostra que conseguimos contratar energia a um preço mais barato do que é vendida hoje, comentou o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Julião Coelho.
Tolmasquim disse ainda que o certame contratou 43% acima da demanda das distribuidoras. Isso se deve ao fato de que a usina que está no preço marginal, ou seja, a última usina contratada para atender a demanda tem que vender toda a energia, o que pode ultrapassar o total demandado. No caso, a última usina a ser contratada foi a UTE Baixada Fluminense, da Petrobras, que vendeu 416,4 MW médios para 2014.
Tolmasquim disse ainda que esse pode ser considerado um leilão equilibrado, porque conseguiu vender energia de praticamente todas as fontes inscritas no certame, a exceção das PCHs, em praticamente todos os estados. O leilão foi muito equilibrado. Havia uma dúvida se haveria concentração em alguma fonte, mas vimos que todas as fontes praticamente venderam energia, afirmou Tolmasquim. Praticamente tiveram vendas em todos os estados que apresentaram projetos, completou Luiz Eduardo Barata, presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Segundo a CCEE, o estado do Rio de Janeiro foi o que contratou a maior potência, de 530 MW, seguido do Maranhão, com 499,2 MW, e Rio Grande do Sul, com 492 MW.
No caso das PCHs, que não conseguiram vender energia no certame, Tolmasquim afirmou que a PCH tem o desafio de encontrar meios para tentarem ficar competitivas. Questionado se seria viável fazer um leilão somente com PCHs, Tolmasquim disse que isso acabaria prejudicando o consumidor. Num cenário em que se tem outras fontes renováveis competitivas, seria difícil explicar para o consumidor o porque de contratar uma energia mais cara, afirmou. Julião Coelho, da Aneel, disse que não existe um abandono do governo em relação as PCHs. A vocação das PCHs é o mercado livre, porque elas tem desconto no fio, comentou.
O leilão A-3 comercializou 1.543,8 megawatts médios de 51 usinas, sendo uma usina hidrelétrica, 44 eólicas, 2 usinas termelétricas a gás natural e 4 a biomassa. A potência das 51 usinas soma 2.744,6 megawatts. O investimento total para a implantação das usinas contratadas no certame será de R$ 6,54 bilhões. Os contratos entre distribuidoras e vendedores representam uma movimentação financeira de R$ 29,14 bilhões.