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Clippings - 27/12/11

Exportação de básicos supera a de manufaturados

Alta de commodities é o principal fator para o superávit comercial neste ano; quantidade exportada cresceu pouco Eva Rodrigues As estimativas do mercado apontam para um saldo comercial na casa de US$ 27 bilhões em 2011, o que não é pouco considerando-se as turbulências globais em andamento.

Mas um olhar mais próximo revela um resultado decorrente mais de bons preços e menos de volume exportado, além de uma participação cada vez maior de produtos básicos em detrimento de manufaturados.

Enquanto em 2010 a proporção das vendas externas foi de 44,58% de básicos e de 39,40% de manufaturados, neste ano essa relação deve piorar, tendo em vista que até novembro 47,9% dos embarques foram de produtos básicos e 35,8% foram de produtos manufaturados, segundo cálculo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Principal produto das nossas vendas externas, o minério de ferro fará a diferença no superávit fechado do ano em função do movimento recente de preços. Após permanecer por alguns meses com preços médios estáveis em US$ 135 a tonelada, em novembro o valor médio caiu para US$ 115.

“Isso significa que em dezembro o preço pode ter ficado abaixo desse patamar e afeta o saldo final porque o minério é o maior peso da balança”, diz o presidente em exercício da AEB, José Augusto de Castro. De qualquer modo, trata-se de resultado exuberante: enquanto o comércio externo brasileiro deve crescer entre 27% e 28% no ano, o crescimento do comércio global tem estimativas de crescer 6%, indica Castro.

“Esse resultado vai fazer com que o Brasil aumente a participação nas exportações mundiais.” Em mais um ano a sorte parece ter batido à porta do Brasil no que diz respeito do comércio exterior. Os bons preços de commodities no mercado internacional foram o grande responsável pela boa performance – entre janeiro e outubro, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), os preços médios das exportações brasileiras registraram alta de 24,4%, enquanto a quantidade exportada cresceu 3,9%.

“É importante lembrar também que no ano passado os preços das exportações cresceram em média 20,5%, o que significa que o crescimento deste ano é ainda mais relevante porque se dá numa base de comparação forte”, explica o economista da consultoria Tendências, Bruno Lavieri.

Outro dado que faz diferença: a EAB estima que cerca de 72% das exportações brasileiras em 2011 serão de commodities. Entram nessa conta, utilizando-se as classificações do ministério do Desenvolvimento, todos os produtos básicos, alguns mimanufaturados como celulose e açúcar em bruto, além de alguns produtos manufaturados (açúcar refinado, suco de laranja e etanol, por exemplo).

Ruim tamanha dependência em commodities? Depende, pondera o ex-secretário de comércio exterior e sócio da Barral M Jorge Consultoria, Welber Barral. “O problema não é exportar commodities, mas só exportar isso. O ideal é chegar a uma situação como a de Estados Unidos e Austrália, que exportam tanto commodities como bens industrializados e serviços.

” Para as importações, segundo dados da Funcex, os preços acumulam alta de 14,5% no ano, enquanto a quantidade comprada lá foram cresceu 9,4%. “Os saltos maiores foram em bens de consumo duráveis e bens de capital”, diz Bruno Lavieri. Destinos Entre os nossos principais destinos comerciais, a Ásia continua como o continente mais dinâmico e o que mais aumenta participação nas exportações brasileiras.

A China, em particular, desde 2009 se configura no maior parceiro comercial do Brasil. “E a tendência é continuar aumentando essa participação porque não apenas é a região que mais cresce no mundo, mas também a que em menos crise”, observa Barral. Além da China, que compra cerca de 80% de commodities do Brasil, dois países ganham destaque com uma relação mais equilibrada: Estados Unidos, que compram 40% de commodities e 60% industrializados; e Argentina, com 80% da pauta formada por industrializados.