O grupo Fischer vai vender a área de navegação e de construção naval. Os herdeiros do grupo tomaram a decisão de se desfazer dos ativos reunidos na Companhia Brasileira de Offshore (CBO), incluindo a empresa de navegação homônima, o Estaleiro Aliança e uma fábrica que produz módulos para embarcações, a Aliança Offshore. A divisão de construção naval e de navegação do Fischer está avaliada em US$ 1 bilhão. Há cerca de dez empresas interessadas no negócio, entre investidores e empresas nacionais e estrangeiras do setor.
A expectativa é de que o negócio possa ser fechado até maio. No mercado, a aposta é de que o BTG Pactual é um dos favoritos à compra da CBO. O BTG é sócio da Bravante, empresa de navegação também ligada à indústria de petróleo. Procurado, o BTG disse que não comenta rumores. O Fischer também não fala sobre o assunto. O grupo contratou o Itaú BBA para encontrar compradores para a CBO. Uma das razões para a venda da empresa está na estrutura do Fischer, de controle familiar. Não haveria interesse dos herdeiros em assumir a linha de frente da companhia.
A principal área de negócios do grupo é a produção de suco de laranja por meio da Citrosuco, que se fundiu com a Citrovita, da Votorantim. O Fischer é também o maior produtor de maçãs do Brasil. O grupo chegou a deter a maior empresa de navegação do país, a Aliança Navegação, vendida em 1998 à Hamburg Süd.
Também estaria pesando na decisão de venda da CBO a dificuldade pelas quais passam as empresas ligadas ao apoio marítimo. As companhias estão preocupadas com a falta de contratações de novos barcos de apoio de bandeira brasileira, apesar de o mercado estar aquecido e de haver demanda por embarcações offshore. A demanda tem sido atendida, sobretudo, pelo aluguel de navios estrangeiros.
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) afirmou que os estaleiros especializados em navios de apoio foram implantados considerando o cenário de demanda anunciado pela Petrobras. A não concretização dos contratos gera ociosidade nos estaleiros e corte no contingente de trabalhadores, disse o Sinaval. Em dezembro, a frota de apoio marítimo no Brasil totalizava 435 embarcações, sendo 202 de bandeira brasileira e 233 de bandeira estrangeira.
O Sinaval afirmou ainda que, desde 2009, havia uma previsão que fossem construídos no país 146 navios de apoio dos quais foram contratados apenas 56. As empresas de navegação dizem que a última licitação da Petrobras para afretar navios de apoio ocorreu em 2011, mas até hoje os contratos não foram efetuados. A Petrobras disse que o projeto continua sendo implantado como planejado. A empresa disse que foram realizadas três rodadas de contratações e uma quarta, para 23 barcos, está em andamento.
Alguns estaleiros têm em carteira projetos que garantem ocupação até 2015 ou 2016, mas começa a haver no setor preocupação de que, se não houver encomendas nos próximos meses, podem ocorrer demissões. Apesar do cenário momentâneo desfavorável, fontes apostam que o crescimento da produção de petróleo, com o pré-sal, faz com que a CBO seja atrativa. A empresa tem frota de 19 navios de apoio em contratos de aluguel de longo prazo com Petrobras e Statoil e está construindo dois navios no Estaleiro Aliança, do grupo, em Niterói. A fábrica de produção de módulos de São Gonçalo (RJ) opera a plena capacidade, prestando serviços para terceiros.