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Clippings - 28/11/12

Mineiros de volta ao offshore

Sérgio Mendes, vice-presidente de Mercado da Mendes Júnior, conta com a empresa foi seduzida pelo cenário de investimentos do pré-sal.

Seduzida pelo cenário de investimentos no pré-sal, a mineira Mendes Júnior está regressando ao segmento de construção offshore, após 30 anos fora dele. O vice-presidente de Mercado da empresa, Sérgio Mendes, justifica a demora: “Quando a Petrobras retomou o mercado, estávamos comprometidos com grandes contratos no exterior e precisamos adequar a estratégia para o Brasil”.

O retorno começa em 2013, com a construção do topside e a integração dos FPSOs replicantes P-67 e P-70, em consórcio com a OSX no Superporto do Açu. Mendes, porém, aposta que a companhia está num caminho sem volta. “O segmento offshore vai continuar se expandindo no país nos próximos 20 a 30 anos.”

Por que voltar à construção offshore após 30 anos?

Fomos um dos pioneiros na área offshore no Brasil. Trabalhamos muito na construção de plataformas em nosso canteiro na Bahia até o início dos anos 80, acompanhando o desenvolvimento da Petrobras.

Depois disso a própria Petrobras deu uma parada no mercado de construção offshore, e nós também ficamos fora. Quando a Petrobras retomou o mercado, a Mendes Júnior estava comprometida com grandes contratos no exterior, e tivemos de adequar a estratégia para o Brasil.

Isso significou ficar totalmente à margem do segmento?

Num primeiro momento fizemos algum trabalho em offshore, mas de manutenção de plataformas, um serviço diferente, que não requer um canteiro.

Estávamos nesse mercado, mantendo certa relação com ele, realizando serviços esporádicos em plataformas, como pintura, limpeza.

Revamp também?

Não. Quando a Petrobras começou a contratar reformas mudou o modelo de contrato, separando o serviço, e outras empresas ganharam a concorrência.

Como foi essa volta?

Vínhamos nos estruturando há muito tempo para voltar. Nesse primeiro momento decidimos fazer uma parceria com a OSX, porque ainda não temos canteiro. Essa parceria nos possibilitou participar das concorrências.

Mas a companhia poderia participar das concorrências com o contrato de uma área e construir o estaleiro depois.

A Petrobras dava essa condição, mas, em função do cronograma, ela está mudando isso. Agora é preciso que os estaleiros estejam em uma determinada fase de construção.

Por isso convidamos a OSX, que inclusive não foi convidada porque não está cadastrada como construtor na Petrobras.

O que contempla o acordo com a OSX?

Todos os serviços do estaleiro e a construção e montagem em conjunto. Entramos com a tecnologia e a experiência em construção, e eles, com toda a infraestrutura necessária para a execução do contrato, que prevê dois FPSOs, com opção de mais dois.

A Mendes Júnior e a OSX constituíram empresa?

Sim, constituímos a SPE Integra Offshore.

A Mendes Júnior não terá um estaleiro?

Também é um projeto antigo. Estamos pesquisando o mercado para definir uma área onde vamos construir nosso estaleiro.

Em que estágio está esse trabalho?

Há dois anos estamos conversando com alguns estados onde existem oportunidades para o arrendamento de uma área.

Quais estados?

Já tivemos conversas com Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Há uma data?

Sim, até porque o mercado não vai esperar nós nos prepararmos. Nossa intenção é que até meados de 2013 a Mendes Júnior já tenha a área definida. Depois disso virá todo o processo de construção e montagem do estaleiro.

Nesse meio-tempo a empresa continua concorrendo em consórcio com a OSX?

A intenção é manter a parceria, desde que seja bom para os dois lados.

Existe exclusividade?

Não, podemos atuar sozinhos ou em outras parcerias. A tendência, inclusive, é que isso ocorra. À medida que eles estejam capacitados tecnicamente, vão tocar seus projetos.

E o parceiro tecnológico?

Estamos conversando com grupos coreanos e chineses, mas só vamos decidir isso efetivamente quando tivermos a área. Até porque esses parceiros são investidores, e não podemos comprometer o financiamento antes da hora, não faz sentido.

A companhia já tem qualificação técnica para concorrer no offshore?

Sim, porque a Petrobras acompanha a estrutura profissional das empresas que prestam serviço para ela a fim de saber se estão capacitadas para serem convidadas.

Procedem os boatos de que a Mendes Júnior quer adquirir uma empresa brasileira especializada em construção offshore?

Não existe essa intenção. Poderia até ser uma opção, mas isso não foi ventilado em nossa estratégia. Sempre pensamos em ter nosso estaleiro. Além disso, pelo que estamos vendo por aí, as empresas que têm canteiro não estão muito interessadas em vender e se desfazer da chance de participar de um mercado com esse potencial. A não ser se tivessem um problema financeiro.

Essa retomada envolve a ampliação do quadro de engenheiros?

Hoje o corpo técnico especializado para esse segmento no Brasil é um problema, porque a demanda de projetos é muito grande, sobretudo na área de óleo e gás, na qual a capacitação técnica é muito elevada. Com vários projetos sendo tocados ao mesmo tempo existe uma forte competição entre as empresas na disputa por esses profissionais.

E além de não haver profissionais na quantidade necessária, o custo salarial subiu demais. Há profissionais nessa área que ganham mais do que muito diretor de empresa. O que estamos procurando fazer é investir em treinamento e trazer alguns profissionais estrangeiros.

Já existe algum investimento fechado na área de qualificação de pessoal?

Como é um investimento muito alto, não dá para fazê-lo com a perspectiva de apenas um negócio à frente. Por isso estamos aproveitando os projetos que a empresa já tem para treinar esse pessoal em nossos canteiros onshore, em um momento em que a demanda não é muito intensa.

Como a empresa lida com o gargalo de projetistas offshore no Brasil?

Dentro da empresa temos algumas expertises para poder acompanhar o trabalho da companhia projetista contratada e minimizar riscos, porque o projeto, ao lado da mão de obra, é o grande problema para o sucesso do empreendimento. Não pela capacitação dos projetistas, mas pela demanda de trabalho a que estão sendo submetidos.

É uma volta para ficar?

Esse investimento que estamos fazendo tem retorno no longo prazo. O cronograma de investimentos da Petrobras no pré-sal é uma segurança para nós fazermos esses investimentos. Entendo que o segmento offshore vai continuar se expandindo no país nos próximos 20 a 30 anos.