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Clippings - 04/12/12

Exportação de plataformas de petróleo diminui déficit

A entrega de plataformas de exploração de petróleo para extração no país, tradicionalmente contabilizada como exportação por envolver pagamentos a empresas registradas no exterior, minimizou o impacto do aumento das importações e permitiu ao governo registrar um déficit de apenas US$ 186 milhões no comércio exterior em novembro.

As exportações de plataformas para os campos de petróleo renderam US$ 670 milhões neste mês. É o segundo mês, no ano, em que o país importa mais do que exporta. Desde o ano 2000 não havia déficit em um mês de novembro. Sem as plataformas, o déficit teria chegado a US$ 843 milhões.

O Ministério do Desenvolvimento lembra que o impacto final nas contas de comércio exterior do ano é reduzido, já que as partes e equipamentos, que representam 60% do total do valor das plataformas, entram no país também como importação.

As peculiaridades dos registros no setor de petróleo para as estatísticas de comércio também afetaram a conta de importações, já que uma instrução normativa da Receita alterou em junho o prazo de registro das importações e petróleo e derivados realizadas nos meses anteriores, e boa parte dessas importações foi contabilizada em novembro.

O ministério não calculou, ainda, quanto das importações de petróleo e derivados registradas em novembro são operações feitas nos meses anteriores.

A importação de combustíveis e lubrificantes pulou dos US$ 3,5 bilhões em novembro para US$ 4,7 bilhões em novembro deste ano, bem acima dos US$ 2,3 bilhões de outubro.

O aumento, comparadas as médias diárias de importação de petróleo e derivados, foi de 32% em relação a novembro de 2011 e 125% em relação a outubro deste ano.

Segundo a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, a Petrobras informou ter realizado boa parte dos registros que faltavam no mês passado, já que, até o fim do ano, teria de contabilizar todas feitas as compras até novembro.

O resultado final do mês permitiu a Tatiana Prazeres, falar em certo equilíbrio em relação às importações e exportações no mês. No ano, o país acumula um superávit de US$ 17,2 bilhões, 34% abaixo do registrado no mesmo perãodo de 2011, mas longe das perspectivas mais pessimistas, que chegavam a apontar uma queda para US$ 3 bilhões no saldo deste ano.

Tanto as exportações quanto as importações só ficaram abaixo dos valores do ano passado. Novembro foi o primeiro mês do ano em que as importações superaram o patamar de US$ 1 bilhão diário.

Com a venda das plataformas, as exportações de manufaturados tiveram comportamento excepcional, com aumento de 5% em novembro (comparado ao mesmo mês de 2011).

A exportação de produtos básicos, que somou 43% do total, caiu 12%, apesar das vendas externas recorde de milho, que, com a seca nos Estados Unidos e a carência mundial do produto, aumentaram 311% em relação ao registrado em novembro de 2011 e chegaram a US$ 1,1 bilhão.

Também aumentaram sensivelmente as exportações de minério de cobre (44%) e farelo de soja (33%). Na comparação com outubro, o minério de ferro, um dos principais responsáveis pelo mau desempenho do comércio exterior no ano, mostrou ligeira recuperação, tanto nos preços quanto nas quantidades vendidas, que foram, em novembro, respectivamente, 9,7% e 0,1% superiores aos registrados no mês anterior.

Comparada com a de novembro de 2011, porém, a média diária das vendas externas de minério de ferro caiu 12% no mês passado. As quedas nas exportações de café em grão (34%), soja em grão (81%) e carne de frango (13%) contribuíram para o pior desempenho das vendas de produtos básicos em relação ao mesmo mês do ano passado.

As operações com plataformas marítimas não foram as únicas a permitir uma melhora no desempenho das vendas externas de manufaturas, em novembro. Houve aumento de 73% na média diária das exportações de aviões, que acumularam US$ 643 milhões no mês, de 48% para aços laminados planos (US$ 161 milhões no mês), 83% para vendas de óleos combustíveis e 17% para exportações de açúcar refinado.

As vendas de laminados planos não foram suficientes para compensar a queda nas exportações do produto entre janeiro e novembro, que chegou a 19%. Afetadas por barreiras argentinas e pela competição de outros fornecedores no exterior, caíram as vendas do setor automotivo: queda de 37% nas exportações de automóveis, de 9% para autopeças, 32% para motores e 6% para veículos de cargas. Quando consideramos o resultado recorde de 2011, a variação ainda está, de alguma maneira, dentro do patamar do ano recorde, comentou com otimismo a secretária de Comércio Exterior. As exportações acumuladas entre janeiro e novembro, de US$ 223 bilhões, ficaram quase 5% abaixo do valor acumulado no mesmo perãodo do ano passado. A queda chega a 5,6%, se comparadas as médias diárias. O resultado está, porém, 21% acima do total das exportações entre janeiro e novembro de 2008, até então o segundo melhor para o perãodo. As importações acumuladas no ano, de quase US$ 224 bilhões, foram 1,1% inferiores ao resultado de 2011.

Comparadas as médias diárias, a queda foi um pouco maior, de 2% em relação ao perãodo janeiro-novembro de 2011. Com a queda maior nas exportações que nas importações, o saldo comercial brasileiro deve ficar abaixo de US$ 20 bilhões neste ano, só acima do verificado em 2010, nos últimos dez anos, mas bem acima dos US$ 11,4 bilhões de 2002.

Pelas projeções do Banco Central, o saldo positivo nas operações de comércio exterior deve chegar a US$ 18 bilhões em 2012. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais otimista, aposta em US$ 19,7 bilhões. País compra menos máquinas e equipamentos em novembro Como ocorreu em agosto, as importações de máquinas e equipamentos para a indústria voltaram a cair em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado – um indicativo da disposição de investimento dos empresários nacionais.

A queda chegou a 11,5% quando comparadas as médias diárias de novembro deste ano com as registradas no mesmo mês de 2011. Em relação a outubro deste ano, as compras no exterior dos chamados bens de capital caíram 2,4%. Entre janeiro e novembro, as compras de bens de capital no exterior ainda mostram uma pequena alta, de 1,1% em relação às médias diárias do mesmo perãodo do ano passado.

A maior influência na queda das importações em novembro se deu com as compras de automóveis (menos 45%), o que fez caírem em 28% as importações de bens duráveis. Houve queda também nas compras de mobiliário doméstico (16%) e de máquinas e aparelhos para casa (15%).

Já as compras externas de bens não duráveis continuam crescendo, ainda que ligeiramente, 0,8%, uma indicação de que parte dos estímulos ao consumo ainda têm provocado demanda por produtos do exterior. É notável o aumento nas importações de produtos de beleza e higiene pessoal, que chegou a 24%, de vestuário e outras confecções têxteis (mais 12%) e produtos alimentícios (6,2% acima da média diária de novembro de 2011). Os chineses são os principais fornecedores dos produtos importados pelo Brasil, embora, em novembro, os Estados Unidos tenham vendido mais ao mercado brasileiro.

O resultado acumulado desde janeiro levou a China ao primeiro lugar entre as origens das importações brasileiras, o que fez o país trocar de lugar com os Estados Unidos como maior parceiro comercial também na importação.

Chega a US$ 31,7 bilhões o total vendido pelos chineses, US$ 300 milhões a mais do que os EUA venderam ao Brasil em 2011 e quase US$ 700 milhões acima do que os brasileiros compraram dos americanos entre janeiro e novembro deste ano. Segundo a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, o desempenho das vendas do Brasil à União Europeia foi uma surpresa em novembro, com um aumento, na média diária das exportações, de 2,1%.

Chama atenção a retomada das vendas brasileiras para a União Europeia, comentou a secretária, lembrando que, desde o ano passado, a crise externa vem afetando o comércio com os europeus. Em relação a outubro, a média diárias das vendas brasileiras ao bloco europeu aumentou mais de 5%, embora a soma das exportações do ano ainda seja quase 8% inferior à do mesmo perãodo de 2011.

A exportações aos EUA deixaram de crescer e caíram 24%. Tatiana reconheceu que os brasileiros ainda enfrentam dificuldades nas vendas à Argentina, mas atribuiu a queda de 21% nas exportações ao vizinho a produtos não sujeitos ao controle de importações exercido pelo governo local.

Houve queda nas vendas de aviões e combustível, que não dependem de monitoramento oficial, disse. Importação de carro eleva saldo negativo com México em 130% O aumento da importação de automóveis e peças fez o déficit comercial do Brasil com o México aumentar 130% de janeiro a outubro em relação ao mesmo perãodo de 2011.

O saldo negativo entre as exportações e importações feitas pelo Brasil chegou a US$ 1,78 bilhão. Segundo analistas, a proteção brasileira para diminuir a penetração de produtos mexicanos, como a adoção de cotas de importação a automóveis, não vai ser suficiente para reverter essa dinâmica no comércio bilateral em 2013.

O resultado deste ano é explicado pela forte entrada de carros, ônibus e caminhões hecho en Mexico. Se entre janeiro e outubro de 2011 as importações do setor haviam somado US$ 1,6 bilhão, neste ano saltaram para US$ 2,5 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Não fosse essa alta, o déficit da balança comercial total brasileira com o México cresceria bem menos: 13%. Também com peso na balança, produtos químicos e máquinas e aparelhos elétricos e mecânicos, contudo, não tiveram aumento substancial em relação a 2011.

O Brasil comprou US$ 1,25 bilhão desses três setores neste ano -até outubro, o total de importações com origem no México chegou a US$ 5,1 bilhões, e as exportações para os mexicanos permaneceram estagnadas em US$ 3,3 bilhões. Em novembro, a cota de US$ 1,45 bilhão para a importação de automóveis com base em acordo de livre comércio entre os dois países foi atingida.

Esse teto, estabelecido após negociação entre os dois governos, é válido para o perãodo entre março deste ano e março de 2013. Daqui para frente, os automóveis mexicanos vão ter que pagar 35% de tarifa de importação e mais dez pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para entrar no mercado brasileiro.

Para Luis de la Calle, ex-vice ministro de Negociações Comerciais Internacionais do México, a adoção de cotas atrapalha as exportações brasileiras. Como a produção nacional é direcionada ao abastecimento de um mercado interno protegido, sobra pouco fôlego para as empresas voltarem as atenções ao exterior.

As restrições fecham o mercado, o que acaba incentivando as montadoras a fazer planos para atender apenas o consumo doméstico, diz. Por outro lado, a indústria automobilística nacional não conseguiu neste ano aumentar sua presença no México.

As exportações de veículos e peças brasileiros em direção ao mercado mexicano encolheram US$ 100 milhões em relação aos dez primeiro meses do ano passado e ficaram ainda mais distantes do resultado total de 2011 -US$ 880 milhões.

Se não vendeu mais veículos, o Brasil também não teve bom desempenho no principal setor de sua pauta de exportação: a venda de máquinas e aparelhos mecânicos ficou estagnada, em US$ 878 milhões.

O único salto aconteceu na venda de aviões, que pulou de US$ 100 milhões para US$ 271 milhões. De acordo com Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, diferenças estruturais entre as duas economias explicam o resultado deste ano, que mostra mais produtos mexicanos atrativos ao mercado brasileiro do que o contrário.

Não há solução de curto prazo para essa assimetria. Independentemente dos acordos automotivos, o grande fator é a competitividade de preços. O Brasil não consegue se inserir no mercado mexicano por múltiplos fatores, que vão desde o preço da energia ao custo de produção de um produto, afirmou.

A diferença entre os parques produtores citados por Barral explica a inversão do comércio de veículos e partes nos últimos anos. Em 2007, quando o Brasil registrou superávit total de US$ 2,3 bilhões com o México, as importações do setor automotivo foram de US$ 600 milhões. Com exceção de 2009, que ficou no mesmo patamar do ano anterior, as compras não pararam de crescer desde então. Já as exportações brasileiras de veículos percorreram caminho oposto e encolheram quase pela metade.

Há cinco anos elas foram de US$ 1,6 bilhão. Fabio Silveira, economista da RC Consultores, acredita que o déficit com os mexicanos vai aumentar em 2013. Segundo ele, dois fatores podem impedir que a relação comercial mude de tendência no curto prazo: a perspectiva de estagnação das exportações brasileiras e o aumento do consumo doméstico, que deve fomentar as compras externas.

Temos dificuldade para exportar bens mais industrializados em função de problemas estruturais e da falta de competitividade da cadeia produtiva, que não será compensada pela desvalorização cambial. E o mercado mexicano também não vai comprar mais do Brasil.

Por outro lado, a demanda interna está crescendo e é o que vai puxar a recuperação da economia do ano que vem, afirma. De la Calle também não acredita em reversão de tendência.

Para ele, o México vai esgotar rapidamente a cota do ano que vem e seguirá com superávit, pois a economia brasileira não vai ter fôlego para exportar. Isso tudo também é irônico. O Brasil caminha para se tornar uma das maiores economias do mundo e, para isso acontecer, terá que permitir a abertura do mercado para conseguir exportar mais, afirma.