A Petrobras iniciou em novembro passado a instalação do gasoduto Sul-Norte Capixaba, que vai ligar o Parque das Baleias, na parte capixaba da Bacia de Campos, ao campo de Camarupim, na Bacia do Espírito Santo. Orçado em US$ 700 milhões, o projeto deverá ser concluído em maio.
O ramal dará garantia de escoamento do gás para ampliação da produção no Parque das Baleias. Para se ter ideia, a província deve ter capacidade instalada para produzir algo em torno de 20 milhões de m³/dia em 2014 com a entrada em operação da plataforma P-58.
Como o gasoduto Sul Capixaba, que atende o Parque das Baleias, e a Unidade de Tratamento Sul estão com sua capacidade estrangulada, e o gás do pré-sal é mais rico do que o produzido no pós-sal, a petroleira decidiu mandar o energético para a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares, no norte do Espírito Santo. “Essas novas e importantes descobertas demandaram a instalação deste sistema”, afirma o gerente-geral da Unidade Operacional do Espírito Santo, Luiz Robério Ramos.
O Sul-Norte Capixaba terá 201 km de extensão, sendo 50 km com dutos de 12” de diâmetro e 151 km com dutos de 18”, que serão lançados em lâminas d’água que variam entre 28 m, no ponto mais próximo da costa, e 1,5 mil m.
Em fevereiro de 2011 a Technip assinou contrato com a Petrobras para a instalação do trecho profundo do ramal, de 50 km. O ramal vai interligar a P-58 ao PLET e a instalação será executada pelo navio Solitaire, da Allseas. A operação envolve o lançamento de 16 mil t de tubos de 12”, que serão embarcados no Porto de Angra dos Reis, sob a concessão da Technip.
O consórcio Subsea 7/Odebrecht será responsável pela parte de águas rasas do projeto. O contrato marca a entrada da Odebrecht no mercado de subsea e está avaliado em US$ 240 milhões. O acordo entre a Petrobras e o consórcio prevê desenvolvimento, fabricação e lançamento do trecho. A instalação dos dutos será feita pelos navios Acergy Polaris e Acergy Harrier.
Método S-Lay
O duto de 12” será lançado por um método conhecido como S-Lay, pelo qual pedaços de tubos são soldados em uma embarcação e lançados durante a navegação. Assim, a construção da linha pelo barco de lançamento se dá de forma quase horizontal, criando duas regiões de curvatura do duto: uma na saída da embarcação (sobre uma rampa) e outra junto ao leito do mar, onde o duto é lançado.
Após a instalação dos trechos submarinos, serão executados a limpeza, a conferência da estrutura interna e o enchimento do gasoduto com água e substâncias corantes para realização do teste. A limpeza e a conferência do duto serão feitas com a passagem de PIG para remoção dos detritos e resíduos acumulados no interior do gasoduto e verificação de seu diâmetro e integridade. Após isso, deverá ser utilizado um PIG que funcionará como interface para colocação de fluido para teste hidrostático (enchimento).
A previsão da Petrobras é que o ramal esteja com capacidade operacional em junho. Entre os dois trechos, a Petrobras vai instalar uma plataforma de movimentação de PIG – MOP-1 –, com operação remota. A plataforma está sendo construída pelo consórcio Promon/MCE e ficará a 27 km das obras de instalação do gasoduto.
MOP-1 será concluída em março
Idealizada pela Área de Engenharia da Petrobras como solução para os processos de pigagens do gasoduto Sul Norte Capixaba, que apresenta variação de diâmetros ao longo de sua extensão, o Módulo de Operação de Pigs (MOP-1) será a primeira plataforma do tipo operada pela petroleira.
A unidade, que está sendo construída pelo consórcio Promon/MCE no canteiro de São Roque do Paraguaçu, deve fazer loadout em meados de março. As obras demandam hoje 320 trabalhadores, entre contratações diretas e indiretas.
Toda a operação de loadout será feita pelo consórcio. A Petrobras será responsável pela instalação da unidade, que deve acontecer com a BGL-1. A jaqueta, por ser de pequeno porte e pesar algo em torno de 300 t, será içada pela balsa.
Após a verticalização da jaqueta e cravação das estacas será feito o processo de instalação do topside da MOP-1. As operações serão feitas enquanto a BGL-1 se deslocada para Bahia novamente para pegar os equipamentos.
“A campanha, se ela for perfeita, temos a variação do clima, mas deve durar duas semanas. Uns 20 dias”, conta o gerente de Implementação de Empreendimentos para Roncador, Riccardo Barbosa.
A operação de instalação da topside terá o auxílio de hotelaria do floatel P-4, jack up da própria frota da Petrobras. Todo o processo de hook up deve levar dois meses, de acordo com estimativas da petroleira, e envolver cerca de 40 pessoas.
O cronograma da Engenharia hoje trabalha com as obras da unidade totalmente concluídas em 1º de julho. “Aí é só esperar o primeiro gás”, comenta Barbosa.
Dificuldades de suprimento
A Petrobras enfrentou uma série de dificuldades para conseguir adquirir matéria-prima e equipamentos para a MOP-1. Como se trata de uma obra de pequena monta e não gera uma escala de demanda, a empresa deve que aguardar os mesmos prazos de encomendas maiores.
Mesmo com o problema, a empresa estima que deve fechar a obra com um conteúdo local médio de 85%. O último relatório da empresa já apontava para um índice de 92,8%.
“Você tem que fabricar o que dá e importar alguma coisa para complementar. O mercado está comprando em grande escala. Talvez grande desafio da MOP não seja a complexidade técnica. É, num cenário de vá-rios mega projetos mobilizando o mercado, você tocar um projeto de pequeno porte e conseguir ser atendido na velocidade que precisa”, conclui Barbosa.