Hoje, o novo presidente da Usiminas, o argentino Julián Alberto Eguren, nomeado ontem pelo conselho de administração, começa uma maratona de visitas ao parque fabril da siderúrgica.
A primeira visita será à usina de Ipatinga, em Minas, a principal da companhia, acompanhado de Wilson Brumer, que fará o processo de transição de cargo e que deixa a empresa depois de dois anos na presidência-executiva. Antes, por três anos, foi conselheiro e presidiu o conselho.
Eguren traz uma experiência longa na siderurgia dentro do grupo Techint, onde iniciou carreira em 1987, e mais de 15 anos de vivência internacional para a Usiminas, afirmou Brumer.
Será uma transição harmoniosa e profissional, que marca mais uma virada de página na história da Usiminas. Segundo ele, em poucos dias o executivo estará totalmente habilitado para tocar a empresa e traçar seu plano de gestão.
Depois de ter bancos, a Vale, distribuidores de aço, Camargo Corrêa e Votorantim como acionistas – cada um com visões diferentes e sem know-how na fabricação de aço -, agora a empresa tem como seus controladores dois grupos siderúrgicos, detentores de experiência internacional nesse negócio.
A siderurgia, de alguns anos para cá, tem uma nova dinâmica, diz Brumer. A competição não é mais só interna. Hoje ela se dá em nivel global.
Para ele, a Usiminas será beneficiada com dois acionistas com esse perfil, que serão sócios com visão de longo prazo para a siderúrgica mineira, que em 2012 completa 50 anos de início de operação de seu primeiro alto-forno.
Um desafio que tem pela frente é melhorar a produtividade e a competitividade, com redução de custos, tornando-se mais preparada para competir nesse novo cenário, afirmou.
As decisões estratégicas tomadas ao longo dos últimos cinco a seis anos, diz, deixa a empresa com bases prontas para essa nova fase.
Em 2007, foi lançado o novo plano de crescimento e em 2008 a empresa entrou no negócio de minério de ferro, dominando parte dos custo de fabricação do aço.
Esse é um dos legados que considero deixar para a empresa, pois em 2010 criamos a Usiminas Mineração, com participação da Sumitomo Corporation no seu capital. Já começa a dar resultado no Ebitda.
A mineração de ferro, que tem investimentos de R$ 4,5 bilhões à frente, planeja alcançar produção de 29 milhões de toneladas em 2015, sendo uma grande geradora de resultado operacional.
Neste ano, terá capacidade para produzir 12 milhões de toneladas. O grosso dos investimentos virá em 2013 e 2014.
Novos projetos foram concluídos, como a nova linha de galvanização de aço (material nobre para automóveis, bens eletrodomésticos, construção civil) no ano passado, em parceria com a Nippon Steel.
Em março, ficará pronto o novo laminador a quente da usina de Cubatão (antiga Cosipa), com aporte de R$ 2,5 bilhões. Nos dois últimos anos, fomos uma das empresas privadas que mais investiram. Foram R$ 5,6 bilhões, informou. Outra área em que deverá focar esforços é a da autossuficiência de energia.
Para Brumer, são vários investimentos feitos que dão à Usiminas novo patamar tecnológico, mas que, infelizmente, ainda não começaram a se refletir no resultado operacional.
Infelizmente, 2011 não foi um ano de resultados fantásticos. Mas as sementes estão plantadas, afirmou, apontando que o nível de endividamento líquido, na relação com o Ebitda, é confortável.
A Ternium, na visão de Brumer, poderá abrir oportunidades na área comercial para a Usiminas em mercados da América Latina.
O Eguren [novo presidente] conhece bem a região e poderá criar parcerias das duas empresas.
O executivo, que já passou pela presidência da Vale, antigas Acesita e CST, BHP Billiton no Brasil e foi secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas, afirma que a Usiminas avançou bastante em sua governança. Foram criados um código de ética (no ano passado), que não existia, gestão de recursos humanos e um plano de opções de ações.
Brumer assumiu a presidência em abril de 2010 com a missão de apaziguar os ânimos exaltados na empresa com a gestão complicada de seu antecessor. Deixo uma empresa harmonizada e que passou a ter mais diálogo aberto e transparente com seu presidente.