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Clippings - 16/02/12

leilão A-3: agentes veem dominação de eólicas mais uma vez e cresce preocupação com biomassa e PCH

Competitividade de fontes fica comprometida com preço teto de R$ 112/MWh, segundo especialista.

O resultado do leilão A-3, programado para o dia 22 de março, deve ser uma repetição dos últimos certames de energia nova: dominação das eólicas e participação mediocre de térmicas a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

Além da ausência de térmicas a gás natural. O certame teve um cadastramento recorde de quase 600 projetos, com mais de 25 GW de capacidade instalada, a maior parte – 524 e 13 GW – de eólicas.

Para os agentes consultados pela Agência CanalEnergia falta uma política setorial para as fontes renováveis. Élbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, espera que a fonte mantenha a contratação em 2 GW por ano, meta estabelecida para assegurar o desenvolvimento da cadeia produtiva da fonte no país.

A executiva disse que a estratégia é maximizar a contratação nos leilões do início do ano, já que ainda não há garantia de participação em um possível segundo leilão A-5 no fim do ano. No ano passado, a eólica ficou em R$ 105,12 por MWh, no leilão A-5, que tinha nível de preço igual [R$ 112/MWh].

Então, o preço não será impeditivo. Estão cadastrados 524 projetos eólicos com 13,18 GW, o que mostra disposição grande para competição, afirmou a executiva. Élbia acredita que a fonte dominará a contratação do certame. Já nas outras fontes que participarão do certame o otimismo desaparece com o tom de desânimo e preocupação adotado pelas associações representantes.

A Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa disse que o preço teto de R$ 112/MWh, praticamente inviabiliza a participação das 22 PCHs cadastradas, somando 343 MW.

Esse é um sinal de desestímulo. Todos sabem que esse preço não viabiliza PCH. Isso passa uma mensagem de que a PCH não faz parte do plano de expansão da geração no país, frisou Charles Lenzi, presidente da Abragel. Para Lenzi, essa é uma sinalização de que a PCH não interessa ao planejamento energético.

O executivo reconhece que a fonte é a mais cara entre as renováveis cadastradas no leilão, mas chama atenção para as vantagens operativas. O preço não deve ser a única variável. Têm outros aspectos, como custo global, que deveriam ser olhados. São benefícios que não são computados.

A PCH é geração distribuída e tem contribuído, de certa forma, na geração de ponta, afirmou o executivo. Ele lembrou ainda que a cadeia produtiva da PCH, emprega milhares de pessoas dos escritórios de engenharia a construção e operação.

O executivo lembra que as PCHs têm pouco espaço para cortar custos, devido às novas exigências ambientais e ao aquecimento da construção civil no país, o que eleva os gastos com essa rúbrica. Lenzi disse que o estudo sobre competitividade da fonte, antecipado pela Agência CanalEnergia, deve ficar pronto nos próximos 60 dias.

A intenção é apresentar uma agenda positiva para manter viabilidade da fonte no país. Mas, a preocupação da Abragel já se estende ao leilão A-5, exclusivo para hidrelétricas, previsto para 26 de abril. Com a pouca diferença de tempo, o preço não deve mudar, ponderou.

A União da Indústria de Açucar e Álcool também não tem esperanças de contratar quantidade significativa no certame. Foram cadastrados 23 projetos com 1.042 MW de capacidade instalada.

Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, o preço teto é 20% menor que o adotado no A-3 de agosto do ano passado. Os R$ 139 por MWh já era pouco atrativo na época para a bioeletricidade, o que gerou um desempenho pífio com apenas 4% da energia comercializada, comparou. Souza sinalizou que falta uma política setorial para as fontes renováveis.

O leilão vai contar ainda com térmicas a gás natural, são 26 projetos com 10.344 MW, mas a Petrobras já deu indicações de que o preço e as condições do certame não dão competitividade a fonte. A estatal também espera confirmar a disponibilidade de gás para fechar contratos com empreendedores, o que deve acontecer apenas no fim do ano.