A Área de Engenharia da Petrobras quer assinar neste mês o contrato com o consórcio formado por Odebrecht, OAS e UTC para a conversão dos cascos dos quatro FPSOs que serão utilizados em áreas da cessão onerosa, no pré-sal da Bacia de Santos.
A ideia é que o consórcio, que vai receber US$ 1,7 bilhão pelo serviço, possa começar a trabalhar ainda em abril no projeto de engenharia e na inspeção do primeiro casco – o VLCC Titan Seema, já rebatizado P-74, cuja conversão deverá começar em junho.
Além da inspeção do navio e da conversão do casco, o consórcio será responsável também pela revitalização de parte do estaleiro Inhaúma (ex-Ishibras), paralisado desde o fim dos anos 90 e arrendado pela Petrobras em 2010 para a conversão de unidades de produção. Caberá ao consórcio, por exemplo, a reforma de oficinas, cabines de jatos, pátios, entre outras ações.
A Petrobras contratou a Fidens Engenharia para fazer a parte pesada da revitalização do Inhaúma, e a Carioca Engenharia para reformar o dique do estaleiro. A porta-batel do dique foi reformada pela Enaval no estaleiro do Arsenal da Marinha, no Rio de Janeiro.
A expectativa é que o dique tenha condições de receber navios em meados de maio. A primeira docagem, porém, não será da P-74. A Petrobras deve aproveitar o espaço para fazer uma inspeção de classe na Balsa Guindaste de Lançamento (BGL-1) antes de levar o Titan Seema para o estaleiro. Os trabalhos na balsa devem durar cerca de um mês.
A revitalização completa do Inhaúma deverá ser concluída entre abril e maio do próximo ano.
Parceria com a Gusto
Uma das exigências do edital da licitação ganha por Odebrecht, OAS e UTC foi a apresentação de um parceiro tecnológico para o projeto. Para isso foi escolhida a Gusto, empresa do Grupo Modec, que dará suporte ao consórcio.
O primeiro trabalho a ser feito pelas equipes no casco do VLCC será a inspeção e troca dos perfis e das chapas que estejam corroídos. A fabricação desses equipamentos vai ser feita fora do estaleiro, sendo subcontratada. O serviço de inspeção deve levar cerca de quatro meses.
Durante a conversão da plataforma serão feitas obras como reforço estrutural do casco; ampliação, reforma e adaptação das acomodações; substituição de instalações, equipamentos e utilidades; adaptação do sistema de ancoragem, entre outras.
A estimativa é que as atividades de conversão gerem cerca de 2.500 empregos diretos no pico da obra.
Conversão após oito anos
A última conversão de casco de FPSO feita no Brasil foi a da plataforma P-48, hoje instalada no campo de Caratinga, na Bacia de Campos. A unidade deixou o estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, em dezembro de 2004.
Quase uma década depois, mesmo sem desafios tecnológicos, a Petrobras tenta agrupar o conhecimento nesse tipo de engenharia, dispersado pelo mercado. “Não há grande desafio técnico, mas perdemos um pouco o traquejo. A gestão desse processo é o grande desafio”, afirma o gerente de Implementação de Projetos para Marlim Sul, Roberto Moro.
A Petrobras estima que todo o processo de conversão da P-74 seja concluído em 22 meses. No exterior, a petroleira tem convertido navios em FPSOs com prazos que variam entre 19 e 21 meses. “Mesmo para um primeiro casco, estamos 10% acima do prazo. Com o tempo, esperamos chegar nesses prazos”, comenta Moro.
A P-74 fará parte do sistema definitivo da área de Franco, que o cronograma da Área de E&P da Petrobras prevê entrar em operação em 2015. A unidade terá capacidade para produzir 150 mil barris/dia e estocar 1,4 milhão de barris de óleo, além de processar 7 milhões de m3/d de gás natural.
Módulos por FPSO
A Petrobras vai dividir em duas a licitação que prevê o fornecimento dos módulos e a integração dos FPSOs que serão instalados na área da cessão onerosa, na Bacia de Santos. A previsão da Área de Engenharia é que o pacote para contratação dos serviços na P-74 e na P-76 seja lançado este mês. Em agosto, a petroleira deve levar ao mercado uma segunda licitação, dessa vez para o fornecimento e integração dos módulos da P-75 e da P-76.
A decisão de dividir os pacotes foi tomada depois da perfuração do segundo poço de Nordeste de Tupi, que indicou uma área em Franco com óleo mais quente. Isso mudará o projeto básico dos FPSOs que serão destinados àquela região.
O edital da concorrência vai prever que a obra de integração dos módulos seja feita em nove meses, em canteiros. “Nenhum módulo vai ser colocado aqui no estaleiro Inhaúma. Cada FPSO vai sair pronto para que isso seja feito em outros locais”, explica o gerente de Implementação de Projetos para Marlim Sul, Roberto Moro.
Casco da P-75 na Malásia
A Petrobras recebeu o casco do VLCC Titan Orion, que será convertido na plataforma P-75, outra unidade que será instalada em área da cessão onerosa da Bacia de Santos. O casco foi entregue pela Frontline na Malásia. A previsão é que o casco chegue ao Brasil em junho.
Os outros dois cascos que serão convertidos em FPSOs também foram adquiridos da Frontline. A Petrobras espera que entre novembro deste ano e janeiro de 2013 seja entregue o Titan Aries, que será convertido na P-76. O Titan Ocean, que vai se transformar na P-77, será entregue em julho do próximo ano.
A Petrobras pagou cerca de US$ 100 milhões pelos quatro cascos.