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Clippings - 20/04/12

BG dá inicio a construção de polo bilionário

O Centro Global de Tecnologia (CGT) que a britânica BG Group começará a construir em breve no Rio de Janeiro vai nascer com uma meta ambiciosa: tornar-se um polo de excelência no Brasil para a indústria mundial de petróleo e gás. O CGT é a ponta-de-lança da política de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da BG no país, com investimento estimado em US$ 2 bilhões até 2025. Uma referência para a empresa do que será possível fazer em termos de P&D no mercado brasileiro vem do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). O ITA transformou-se em um dos grandes centros de tecnologia aeronáutica do mundo, compara Henrique Rzezinski, vice-presidente de assuntos corporativos e de políticas públicas da BG Brasil.

O plano da BG é fazer do Centro Global de Tecnologia um grande polo de pesquisa e desenvolvimento para o setor de petróleo e gás. O CGT vai operar em parceria com universidades e centros de pesquisa no país e estará integrado, via alianças, a uma rede de centros de excelência em petróleo e gás pertencentes a universidades em diferentes países, como Inglaterra, Estados Unidos e Escócia. A escolha do Brasil para sediar o CGT se relaciona com o fato de que, até o fim da década, a BG deverá estar produzindo no país 600 mil barris de óleo equivalente (BOE) por dia, o que tende a fazer da empresa a maior produtora de petróleo do mercado brasileiro, atrás da Petrobras.

As obras do CGT devem começar entre o fim de junho e o início do segundo semestre, e o objetivo é ter o centro operacional em meados de 2013. O prédio de cinco andares, um projeto moderno contratado em concurso e ganho pelo escritório de arquitetura Arquitectonica, será instalado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A área, na Ilha do Fundão, na zona norte da cidade, poderá se transformar em uma espécie de ’Vale do Silício do petróleo’, uma vez que grandes empresas prestadoras de serviços e fornecedoras da indústria, como FMC, Baker Hughes, Schlumberger, GE, Siemens e Halliburton, entre outros, já se instalaram ou tem projetos de investir no local.

Estão estimados 150 pesquisadores, grande parte deles brasileiros, para trabalhar no centro da BG. O centro de tecnologia fará a gestão das pesquisas que vão se desenvolver nos laboratórios de universidades e de outras instituições no país. O modelo da companhia na área de P&D é o de parceria com a academia e empresas fornecedoras. Não estamos interessados na propriedade intelectual, mas sim em poder usufruir da tecnologia, afirma Rzezinski.

O conhecimento obtido com as pesquisas será compartilhado com as universidades e poderá ser aplicado a outros setores além do óleo e gás. Dessa forma, a empresa espera poder atender não só a demanda por pesquisas da BG Brasil, mas todas as necessidades do grupo no mundo. Uma das filosofias da BG é incentivar empresas nacionais e estrangeiras que detêm tecnologia a fazer parcerias para desenvolver pesquisas. A aplicação pode ser para a indústria do petróleo ou para outros setores.

A BG não informa qual o investimento no centro de tecnologia. Os US$ 2 bilhões até 2025 (média de US$ 154 milhões por ano) consideram a construção da unidade, a gestão dos projetos de pesquisa e o apoio aos parceiros privados e da academia. O valor inclui os desembolsos da cláusula de investimento em P&D que consta dos contratos de concessão. A cláusula obriga as operadoras a destinar à pesquisa e desenvolvimento 1% do faturamento bruto obtido nos campos que pagam participação especial (PE).

Hugues Corrignan, gerente sênior de tecnologia do centro de desenvolvimento da BG, diz que foram identificados cinco grandes temas de pesquisa que têm valor estratégico para a companhia. Um deles é o gerenciamento de C02, tema sensível à indústria de petróleo e que pode incluir estudos sobre captura e reinjeção do gás carbônico nos campos produtores como forma de reduzir as emissões na atmosfera.

Outra linha de pesquisa a ser desenvolvida pela BG com as universidades são as rochas carbonáticas encontradas nos reservatórios do pré-sal. O tema segurança e integridade dos ativos, incluindo segurança ambiental e de pessoas, é outra prioridade para a empresa, assim como a análise sobre formas de aprimorar os trabalhos de perfuração em águas ultraprofundas.

Rzezinski afirma que esse é um tema de interesse de toda a indústria pois, por meio da pesquisa e desenvolvimento, podem se reduzir os prazos necessários para perfurar um poço, por exemplo. Existe ainda interesse da companhia em desenvolver no país estudos sobre a produção de gás a partir do carvão, um dos maiores ativos que o grupo britânico tem na Austrália.