A energia eólica está se tornando uma possibilidade real de manter o alto nível de participação de energias renováveis na matriz energética brasileira, acredita o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. O potencial desse tipo de energia no país pode chegar ao equivalente a 20 usinas de Itaipu.
Tolmasquim disse que nos leilões de fontes alternativas da semana passada, a energia gerada a partir dos ventos se mostrou bastante competitiva em termos de preço. Até então, tinha-se a visão de que a energia eólica era interessante ambientalmente, mas sua participação seria limitada devido ao elevado custo de produção quando comparadas às usinas hidrelétricas ou mesmo térmicas.
O programa de incentivo às fontes alternativas de energia elétrica teve o mérito de trazer a fonte eólica para a nossa realidade, disse o presidente da EPE, que participou ontem do Brasil Windpower, no Rio.
O potencial de energia eólica estimado para o Brasil é de geração de 143 mil megawatt (MW). No entanto, esse estudo foi feito para torres geradoras de energia de até 50 metros de altura. Mas a tecnologia atual já permite torres de mais de 100 metros, aumento do potencial estimado em quase duas vezes.
De acordo com o Plano Decenal de Energia, o Brasil precisará expandir a capacidade instalada de energia elétrica em mais 63 mil MW. Do total, 71% já foram contratados, incluindo-se a energia dos leilões da semana passada. A expectativa é que haja uma redução da participação da energia hidrelétrica, de 78% da matriz nacional para 70%. Mas o patamar de energias renováveis deve ser mantido, acredita Tolmasquim, ampliando a participação de fontes alternativas de 7% para 14%.
O barateamento dos equipamentos de energia eólica e as melhores condições de financiamento, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quebraram o paradigma do setor e permitiram a ampliação de sua participação nos leilões.
Com isso, o presidente da EPE acredita que a energia eólica pode deixar de ser considerada uma fonte de reserva – contratada apenas como excedente para dar garantia ao sistema – e pode passar a disputar com a biomassa nas fontes alternativas, contratadas para atender às necessidades reais das distribuidoras de energia.