O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita de ontem, em Itajaí, era para comemorar conquistas na área da pesca. Mas Lula aproveitou a oportunidade para fazer uma rápida prestação de contas sobre as obras de reconstrução do Porto de Itajaí após a enchente de novembro. O presidente se declarou surpreso com a lentidão das obras assumidas como emergenciais. Lula chegou a culpar a legislação brasileira e a burocracia pelo engessamento de obras públicas, mas não escondeu o constrangimento ao falar do porto.
– Faz mais de seis meses que eu vim a Itajaí e botei R$ 350 milhões para reconstruir este porto. Pensei que vinha aqui inaugurar a obra e ainda estamos com todos esses problemas – disse o presidente.
A nova promessa deixada por Lula antes da viagem que fará à Líbia, nos próximos dias, é agendar em Brasília uma reunião com a ministra Dilma Rousseff e o governador Luiz Henrique da Silveira para levantar as pendências do assunto.
As obras no cais de Itajaí, anunciadas pelo presidente no dia 26 de novembro, começaram em meados de fevereiro, com a previsão de término em cerca de seis meses. Mas uma alteração no projeto para aumentar a resistência da estrutura, sugerida pela empresa contratada, é analisada desde abril pela Secretaria Especial de Portos (SEP) e órgãos de controladoria do governo federal.
Novo edital para dragagem no rio
Lula anunciou que será publicado nos próximos dias o edital para uma nova dragagem no Rio Itajaí-Açu. A obra servirá para aprofundar mais o canal portuário, de 10,5 metros para 12 metros, e receber navios cada vez maiores no futuro. O presidente também prometeu que o projeto executivo da Via Expressa Portuária, ao encargo do DNIT, fica pronto em setembro e, a obra, em 2010.
– Alguns políticos picaretas querem usar esta situação como trampolim eleitoral. Eu nunca deixei de fazer uma coisa em um município porque o prefeito não era do meu partido – desabafou, referindo-se à sigla do progressista Jandir Bellini, de Itajaí.
Lula também citou a dificuldade de cumprir prazos em obras governamentais e fez uma crítica à política das privatizações.
– A atitude do Estado durante 30 anos, de privatizar tudo e não fazer mais nada, engordou uma máquina de fiscalização no país que funciona mais do que a máquina da execução – apontou.