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Clippings - 24/06/22

Após transporte inédito de biodiesel por cabotagem, BSBIOS pretende ampliar negócios

 Foto Joelcio Dunayski (Divulgação)

Primeiro transporte de biocombustível da empresa por nova rota foi feito pelo navio ‘Taruca’, saindo do Porto de Paranaguá (PR) em direção ao Porto de Suape (PE)

Uma rota inédita de cabotagem criada para a usina BSBIOS, produtora de biodiesel do ECB Group, resultou no primeiro transporte deste biocombustível com 100% de neutralização das emissões de gases de efeito estufa (GEEs). O trajeto foi desenvolvido pela Norsul, companhia de logística multimodal que tem buscado oferecer soluções inovadoras.

Os quatro milhões de litros de biodiesel saíram da usina, no município paranaense de Marialva, por transporte rodoviário até o Porto de Paranaguá (PR), e depois seguiram por cabotagem até o Porto de Suape (PE). O trajeto, feito pelo navio Taruca, durou aproximadamente 14 dias. O biocombustível teve como destino três distribuidoras do Nordeste.

O trabalho marcou a estreia do fornecimento de biodiesel da BSBIOS para cidades nordestinas, envolvendo um processo para operacionalização da nova rota, que levou 90 dias. Ele contou com a integração de profissionais da usina e da Norsul. Para ambas, a cabotagem foi a melhor solução logística e ambiental para o transporte da carga.

“O Brasil é um país de dimensões continentais com polos de produção de biocombustíveis regionalizados. Fizemos essa operação logística, integrando os modais rodoviário e marítimo, e estamos prontos para atender e levar soluções de suprimento para centros consumidores mais distantes dos centros produtores, conforme a necessidade de cada mercado”, informou o diretor comercial da BSBIOS, Leandro Luiz Zat, à Portos e Navios.

De acordo com Zat, nesse sentido, Norte e Nordeste são as regiões que apresentam essa característica, pois, apesar de terem produção local, não é suficiente para atender à demanda toda.

Uso da cabotagem
Outros estados produtores de biodiesel utilizam muito pouco a cabotagem, por considerarem um tipo de transporte muito dispendioso, levando em conta a necessidade de usar outros modais, como as rodovias.

Conforme ressaltou Zat, a diferença da empresa – em comparação a outras usinas que ainda não usam esse meio de transporte para biocombustíveis – foi “a localização logística das plantas da BSBIOS e a expertise que desenvolvemos em outras operações similares, que já estamos realizando, como a exportação de biodiesel”.

Ao ser questionado se teria um custo exato (valor em reais) de todo o transporte e logística realizados, o diretor comercial da BSBIOS disse ser possível contabilizar, “mas para ter mais precisão, seria necessário olhar o comportamento de todo o processo, ao longo de uma sequência maior de operações, sobretudo, no atual momento de grande volatilidade nos custos do diesel e, consequentemente, nos preços de fretes”.

“Tão importante quanto o custo comparativo é a redução de emissões de gases de efeito estufa e ganhos de escala, proporcionado pela utilização de modais de alta capacidade”, disse Zat.

Depois do feito inédito, a BSBIOS está estudando mais operações similares, devendo realizá-las nos próximos meses. “Entendemos que o mercado ditará a demanda desse tipo de operação, considerando a existência de regiões que, estruturalmente, precisam trazer produtos de outros locais para suprir suas demandas. Queremos estar preparados para ser o melhor provedor dessa solução”, ressaltou o diretor comercial.

Uma das maiores produtoras de biodiesel do Brasil, a BSBIOS estabeleceu, como meta, se tornar uma das três maiores produtoras de biocombustíveis do mundo e carbono neutro, até 2030. Além de duas unidades produtivas no país – uma, em Passo Fundo (RS) e outra, em Marialva (PR) –, o grupo também conta com uma unidade de produção na Suíça e ainda conduz o projeto de construção da biorrefinaria Omega Green, no Paraguai, que irá produzir biocombustíveis avançados (HVO – diesel verde, SPK – bioquerosene de aviação e naphtha verde), a partir de 2025.

A iniciativa
De acordo com a usina, a totalidade das emissões de gases de efeito estufa pela cabotagem foi neutralizada por meio do “Programa Carbono Neutro Norsul”, que já contabilizou mais de 450 mil toneladas de gás carbônico (CO2) neutralizadas desde o começo do projeto, em 2020.

“Somos a primeira empresa 100% carbono neutro do mundo no segmento de cabotagem, com o Programa Carbono Neutro Norsul, utilizando créditos gerados pela preservação de mata nativa e, também, nos aterros sanitários. Desde 2020, neutralizamos todas as emissões de CO2 nos modais marítimo, ferroviário e rodoviário”, comentou o diretor de Novos Negócios da Norsul, Gustavo Paschoa, em publicação do site da BSBIOS, quando o transporte por cabotagem da usina foi anunciado publicamente.

A iniciativa da Norsul visa à preservação das florestas em pé e à redução do desmatamento, ao mesmo tempo que incentiva o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais e apoia a conservação de estoques de carbono. Já os aterros sanitários capturam metano e o transformam em biometano que, futuramente, poderá ser usado como combustível alternativo para embarcações de emissão zero.

Produção nacional
Mais de 80% de toda a produção de biodiesel do Brasil se concentra nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Outros números, desta vez da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), indicam que a região Centro-Oeste responde por 44% de todo o biocombustível fabricado, seguido das regiões Sul (39%) e Sudeste (7%).

O presidente do Sifaeg e Sifaçúcar – sindicatos goianos que representam as usinas produtoras de etanol, açúcar e bioeletricidade – e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Luiz Baptista Lins Rocha viu com bons olhos o transporte por cabotagem da BSBIOS.

“Esse meio de transporte está sendo cada vez mais utilizado, no entanto, ele ainda tem uma pequena participação no total de cargas transportadas. O problema é que temos de utilizar uma combinação de transportes: rodoviário + cabotagem, ou rodoviário + ferroviário + cabotagem, ou rodoviário + dutoviário + rodoviário + cabotagem, e nem sempre o preço fica competitivo”, avaliou Rocha.

De acordo com o executivo, o transporte por cabotagem já é feito para outros combustíveis (etanol, gasolina e diesel). “Muito bom que seja utilizado um meio de transporte mais eficiente, no que diz respeito ao menor dispêndio de CO2. Temos de trabalhar as regulações para que os meios alternativos ao transporte rodoviário sejam estimulados, mas nosso grande gargalo continua sendo o preço”.

Fonte: Revista Portos e Navios