Crescimento do comércio entre Brasil e China, na contramão da queda dos demais mercados durante a crise, parece que só fez aumentar o potencial da relação bilateral. Desde março a China é o principal parceiro do Brasil, com as exportações daqui para lá tendo crescido inauditas 18 vezes na última década. O detalhe, porém, é que, apesar de ainda muito centrada no embarque de commodities, a pauta começa a se diversificar. Só no mês passado, foram assinados 10 contratos no valor de US$ 432 milhões entre empresários de ambos os países.
Atualmente, 80% das vendas nacionais com destino à China são dominadas por minério de ferro, soja, petróleo e celulose. Além disso, os governos de ambos os países estão prestes a viabilizar as exportações brasileiras de carne bovina processada para o mercado chinês. É nesse contexto que merecem atenção especial os recentes eventos como a missão de empresários para conhecer o Porto do Açu (RJ) e também a ExpoXangai, maior feira global de expositores, tida pelo governo brasileiro como janela de oportunidades para novos mercados, reunindo 191 países durante seis meses. A expectativa é que aproximadamente 70 milhões de pessoas circulem pelos pavilhões. É a primeira vez que o Brasil participa da feira sob a coordenação da Apex -Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Mesmo na crise, o Brasil exportou cerca de US$ 20 bilhões para a China em 2009, apresentando aumento de 23%.
Minério de ferro teve 31,5% da participação; soja, 31,4%; petróleo, 6,6%; e pastas químicas de madeira 4,4%. Para 2010 e 2011 a previsão é de que as exportações de commodities cresçam entre 10% e 15%, destacou o diretor da CCIBC (Câmara de Comércio e Indústria Brasil China), Kevin Tang. Importações Também nas importações ocorre uma mudança de perfil, destaca Tang. O mito de que a China produz equipamentos baratos e de baixa qualidade está se dissipando. Originalmente exportando produtos customizados a preços imbatíveis, o país conseguiu desenvolver uma infraestrutura muito forte e o mercado tem melhorado cada vez mais, com qualidade a nível internacional, atingindo excelência na fabricação de vários produtos. A mesma percepção tem o diretor da HM Way, Milton Salgado. Freight forwarder especializado na importação full contêiner no trade Ásia-Brasil, a empresa está há cinco anos e meio no mercado e vem registrando crescimento médio anual de dois dígitos. Hoje em dia vem todo o tipo de mercadoria da China, como, por exemplo, material de construção. Existe produto chinês de qualidade muito boa. E muita coisa que antes vinha da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo, material da indústria de base, está sendo importada de lá agora, exemplifica Salgado. A China responde por mais de 80% dos desembarques realizados pela HM Way no Brasil, seguida pela Índia e Coreia. Em 2009, os três países juntos totalizaram 8 mil Teus dos 9.060 Teus movimentados pela empresa. Em 2009 o crescimento foi de 12% sobre 2008, devido tanto ao desenvolvimento do trade Ásia como do crescimento orgânico da empresa. Mais do que crescer, queremos crescer de forma sustentável.
Vemos este ano como positivo e estimamos incremento por volta de 20%, diz Salgado. Paralelamente, a oferta do transporte marítimo é crescente. Cada vez mais companhias entram no tráfego ou estabelecem parcerias para atuar na rota. Neste mês será realizada a primeira escala no Brasil do joint formado pelas companhias Hanjin, Hapag-Lloyd, Zim, Wan Hai e CCNI (as duas últimas, estreando em águas brasileiras).
Serão empregados 11 navios porta-contêineres entre a costa leste da América Latina e o Extremo Oriente. No total, a capacidade média semanal no trade será de quase 30 mil Teus, num total de 18 armadores e 81 navios.