
A Equinor vai construir no estaleiro chinês Cosco o casco da plataforma FPSO que será instalada na área BM-C-33, no pré-sal da Bacia de Campos. No Brasil, serão contratados módulos de pequena e média complexidades. Os maiores irão para Singapura. Boa parte da engenharia do projeto também será contratado internamente, além da infraestrutura dos gasodutos marítimo e terrestre e da unidade de recebimento do gás, na costa fluminense.
“A gente usou a Modec em Bacalhau (campo operado pela Equinor, na Bacia de Santos) e tinha a estratégia de replicar algumas locações para ter sinergia de execução, mas a gente teve um cancelamento de um dique seco previamente reservado, no ano passado. Isso fez com que a gente tivesse que revisar alguns dos locais de construção”, afirmou o diretor do Projeto BM-C-33 na Equinor, Thiago Penna, em entrevista ao PetróleoHoje.
As duas principais contratações são integradas e foram fechadas com a Modec – relativo à engenharia, aquisição, construção e instalação do FPSO, além da operação e manutenção – e a TechnipFMC, fornecedora da engenharia básica, aquisição, construção e instalação do SURF (sistema de coleta submarina), que ficarão a 2,9 mil metros de profundidade. Essa é a instalação mais profunda já realizada pela Equinor.
No total, o projeto do BM-C-33 vai custar US$ 9 bilhões. Penna não comenta os valores firmados com a Modec e a TechnipFMC, mas diz que “são consideráveis”. Ele disse ainda que a Equinor, na Noruega, costuma dividir suas aquisições em diferentes contratos. E que esse será integrado, incluindo infraestrutura submarina, umbilicais, risers e flowlines. Portanto, esses são de grande magnitude.
“Esse é um dos maiores contratos de entrega integrada entre os já colocados pela TechnipFMC e pela Equinor”, destaca. Já o FPSO contratado da Modec terá um dos maiores cascos do mundo, com 350 metros de comprimento. “O topside também tem a sua complexidade, pelo fato de fazer o processamento de gás offshore e pelo uso da tecnologia de ciclo combinado”, complementou.
Agora, a Equinor ainda tem que contratar a estrutura de exportação do gás até a unidade de recebimento, no Rio de Janeiro, de onde o produto seguirá para a rede de transporte da NTS e da TAG. A licitação desses serviços e equipamentos estão em curso, com algumas propostas já sendo analisadas. A perspectiva é de que sejam concluídas e assinadas até o fim deste ano.
Uma das contratações será casada, de fornecimento da tubulação na parte marítima e terrestre do projeto. Outra será para a instalação do gasoduto de escoamento. Já a instalação do gasoduto terrestre e da estação de recebimento ficará com uma mesma empresa.
Penna não revelou o índice de conteúdo local do BM-C-33, mas ressaltou que, tradicionalmente, o mercado de infraestrutura submarina é bem desenvolvido no Brasil e que, por isso, esse segmento deve contribuir para que a empresa alcance o percentual de aquisições internas, dentro do definido com a ANP. “A gente consegue um nível de conteúdo local de perfuração também. E o de construção, a gente tem que balancear conteúdo local com o que vai ser feito no exterior, para chegar a um custo e a um cronograma competitivos”, disse Penna.
A Equinor pretende perfurar seis poços antes do primeiro óleo. Um deles será injetor e os demais, produtores. Inicialmente, serão usadas seis árvores de natal. Os umbilicais e risers terão a extensão de 2,9 mil metros. Em termos de tecnologia, por se tratar de um projeto em águas ultraprofundas, a operadora optou por usar uma tecnologia de eficiência comprovada, um sistema de árvores subsea 2.0, da TechnipFMC.
Essa será a primeira vez, no Brasil, em que o processamento do gás, com alto teor de componente leve, será processado e especificado ainda na plataforma. Para isso, será utilizada uma tecnologia de ciclo combinado no FPSO, em que o calor gerado pelas turbinas a gás será aproveitado em uma turbina a vapor para a produção de energia, o que deve reduzir o nível de emissões da operação em até 20%.
Da parte da Equinor, o financiamento será retirado do próprio caixa, mas Penna salientou que cada uma das parceiras – Petrobras e Repsol Sinopec – terá a sua própria definição de custeio. “É o maior investimento já feito pela Equinor, na Noruega e no Brasil. Ele consolida nossa estratégia de continuar a crescer no Brasil e de acreditar nas posições do mercado e na experiência que a gente já adquiriu ao longo dos anos”, afirmou Penna.
Ele disse ainda que a Equinor vislumbra o crescimento no segmento de petróleo e gás no país, mas que também enxerga oportunidades em outras áreas, como na de renováveis e de soluções de carbono. Penna cita a experiência da empresa em geração eólica offshore no exterior e diz que esse seria também um segmento a ser mapeado também no Brasil. Atualmente, na área de renováveis, a empresa atua por meio do complexo solar Apodi, de 162 megawatts (MW), no Ceará.
Fonte: Revista Brasil Energia