Arquivo/Divulgação Norsul
‘Norcoast’ oferecerá logística integrada, com serviços de cabotagem e feeder, a partir do 1º trimestre de 2024. Inicialmente, serão afretados 4 navios, com capacidade média de 3.500 TEUs
A Norsul e a alemã Hapag-Lloyd oficializaram uma joint venture, denominada Norcoast. A nova empresa, com 50% de participação de cada companhia, vai realizar o transporte de cabotagem de contêineres na costa brasileira, por meio de serviços independentes integrados. As operações estão previstas para o primeiro trimestre de 2024, inicialmente com 4 navios com capacidade média de 3.500 TEUs. A outorga foi concedida pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), na última quarta-feira (18).
A Norcoast pretende oferecer serviços de cabotagem e feeder de contêineres nos portos brasileiros. A nova joint venture será liderada por Gustavo Paschoa, presidente da Norcoast, que possui experiência no setor de transporte e logística brasileiro, com passagens em cargos de gestão sênior na Norsul, Damco, DSV e Penske Logistics.
A Norsul acredita que entrar em parceria com um player global acelera o crescimento e eficiência operacional da gestão desse negócio. Para a empresa brasileira, o crescimento em termos de operação se dará num mercado de contêineres que cresce de forma mais acelerada do que o prório mercado core business da Norsul, que atualmente é mais focado em granel seco e líquido.
O diretor administrativo financeiro da Norsul, Rodrigo Cuesta, explicou que a nova operação vem de um projeto estratégico da Norsul de crescimento e diversificação na cabotagem no Brasil, passando a atuar agora, por meio da parceria, em operações de contêiner, segmento que não atuava anteriormente. “A ideia é ter de início mais 4 embarcações de bandeira brasileira, entrando já com porte relativamente grande para servir a uma demanda que entendemos que cresce bastante nos últimos anos e vai continuar crescendo”, disse Cuesta em entrevista à Portos e Navios.
Atualmente, as três principais empresas que operam contêineres na cabotagem brasileira estão associadas a grandes armadores globais: Aliança (Maersk), Mercosul Line (CMA CGM) e Log-In (MSC). Cuesta destacou que a Norcoast nasce com o controle de uma empresa brasileira, em conjunto com uma empresa de capital estrangeiro, unindo a expertise da Norsul no mercado nacional ao conhecimento específico e do mercado de contêineres da operadora estrangeira. A Norsul, empresa brasileira de navegação e integração logística com sede no Rio de Janeiro, possui 60 anos de experiência em cabotagem no Brasil.
A Hapag-Lloyd é um dos maiores armadores de longo curso globais, com uma frota de 258 porta-contêineres e uma capacidade total de transporte de 1,9 milhão de TEUs. O diretor-geral da Hapag-Lloyd na América Latina, Andrés Kulka, destacou que a Norcoast oferecerá logística integrada e soluções eficientes para seus clientes, aproveitando a crescente demanda do mercado de cabotagem brasileiro. “O setor brasileiro de transporte costeiro está em constante crescimento e movimentou mais de 1,2 milhão de TEU em 2022”, disse Kulka, em nota.
O diretor-presidente da Norsul, Angelo Baroncini, declarou que a Norcoast promoverá maior acesso e capacidade adicional para que mais empresas utilizem a cabotagem de contêiner como meio de transporte, com presença nos maiores portos do Brasil. O diretor administrativo financeiro da empresa acrescentou que a Norsul olha o mercado de contêineres há bastante tempo e estuda profundamente os serviços porta a porta, que envolvem a navegação e a logística terrestre, assim como o modal rodoviário acoplado à cabotagem. “Fizemos estudos e rodamos vários cenários de crescimento demanda, espaço de mercado e entendemos que o mercado ainda estava carente e havia espaço para uma solução nova”, afirmou Cuesta.
Cuesta contou que a parceria vem sendo gestada há bastante tempo e que o interesse dos parceiros em entrar no mercado de cabotagem é anterior à Lei 14.301/2022 (BR do Mar). Ele ponderou que a participação da Norcoast no mercado brasileiro, de alguma forma, tem impulso da nova lei, que ainda possui dispositivos a serem regulamentados. Ele lembrou que, no final de 2021, houve uma alteração da Lei 9.432/1997 que possibilitou o aumento da flexibilidade de afretamento de embarcações estrangeiras.
O pedido da Norcoast para operar como empresa brasileira de navegação (EBN) foi aprovado pela diretoria da Antaq, após passar pelas gerências de regulação e de outorga da autarquia. A parceria entre as duas empresas foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em agosto passado. Com a aprovação da Antaq, a expectativa é que os processos de contratação sejam acelerados.
Cuesta adiantou que um navio já foi afretado e outros três estão pré-acordados e devem estar disponíveis em janeiro de 2024 ou no final de 2023, dependendo da velocidade do registro dos navios junto às autoridades brasileiras e da contratação da tripulação. “Os contratos estavam pendentes por conta dessa formalização. Agora, haverá a aceleração na frente comercial. Já temos conversas realizadas entre o time da Norcoast e os clientes”, explicou.
Cuesta disse que a expectativa da participação de uma nova empresa nesse mercado é positiva e deverá ser importante para competitividade e eficiência dos serviços. Ele acrescentou que a atividade no Brasil vem crescendo, em média, mais de 2 dígitos nos últimos 10 anos. “Achamos que há espaço para um ‘quarto player’. A ideia é aumentar a oferta e a competitividade do setor, o que entendemos ser objetivo em comum das empresas que estão atuando”, comentou.
Fonte: Revista Brasil Energia