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Clippings - 27/12/23

Primeira usina a usar gás natural do pré-sal entra em operação no Brasil

UTE Marlim Azul, localizada em Macaé (RJ), recebeu um financiamento de R$ 2 bilhões do BNDES para sua construção.

Após cinco anos de obras, a primeira usina termelétrica que utiliza gás natural extraído do pré-sal, a UTE Marlim Azul, foi inaugurada no dia 22 de novembro. Situada no Complexo Logístico e Industrial de Macaé, no Rio de Janeiro, tem uma potência de 565,5 MW e pode fornecer eletricidade para 2,5 milhões de residências.

O projeto, da Arke Energia (joint venture formada por Pátria Investimentos, Shell e Mitsubishi Power) foi contratado no leilão de energia nova A-6 de 2017 e poderá comercializar a energia no mercado cativo e no mercado de contratação livre. O investimento para a construção foi de US$ 500 milhões, com financiamento de 80%, ou R$ 2 bilhões, do BNDES.

A usina vai operar em modelo inflexível, com expectativa de despacho de mais de 80%. De acordo CEO da Arke Energia, Bruno Chevalier, o cálculo de despacho é ao longo de 25 anos e considera a soma do período inflexível com o período flexível.

Outra estratégia foi CVU baixo para garantir que Marlim Azul seja uma das primeiras termelétricas acionadas no período seco. É a primeira usina a usar turbina a gás MHPS com tecnologia M501JAC no Brasil.

Em relação ao preço, Chevalier explicou que, no modelo adotado por Marlim Azul, o preço do gás não tem tanta influência. “Fizemos um acordo com a Shell, em que o Rfcomb [receita fixa vinculada aos custos dos combustíveis] é repassado para a empresa. Então, ela fez os cálculos de quanto seria remunerada já que o Rfcomb é reajustado com base no Brent e no dólar”, completou.

Sua localização, próxima ao Porto de Imbetiba, ao Aeroporto de Macaé e às rodovias BR-101, RJ-168 e RJ-106, facilita a logística das operações da unidade. Além disso, a usina fica a apenas 25 km do Terminal de Cabiúnas, ponto de recebimento do gás, otimizando o escoamento.

O gás natural é extraído de diferentes campos do pré-sal e a oferta é limitada à capacidade do gasoduto, de 20 milhões de m3/dia, com a térmica consumindo entre 1,5 e 2 milhões m3/dia. Marlim Azul é a primeira usina com gasoduto dedicado, como parte de suas instalações.

Atualmente, as termelétricas movidas a gás natural representam 8,99% da matriz energética centralizada do Brasil, totalizando 17,6 GW. As fontes de energia renováveis centralizadas, que incluem hídrica, solar, eólica e biomassa, compõem 83,84% dessa matriz.

Consulta pública

O MME iniciou em novembro uma consulta pública para avaliar uma proposta visando a redução da inflexibilidade de usinas termelétricas com Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado (CCEARs), com o objetivo de diminuir custos e aumentar a flexibilidade operativa no SIN.

Essa proposta busca conciliar os interesses sistêmicos e dos agentes setoriais, evitando que essas usinas tenham uma geração inflexível por motivos contratuais em períodos em que o sistema elétrico possa ser suficientemente abastecido por outras fontes menos onerosas.

A UTE Marlim Azul está entre as potenciais beneficiárias dessa medida, com possibilidade de ter sua inflexibilidade operacional reduzida conforme o avanço das discussões.

UTE Marlim II

Desde o começo do projeto, a Arke tinha intenção de construir duas unidades no terreno: Marlim Azul I e Marlim Azul II. De acordo com o CEO Bruno Chevalier, a linha de transmissão é mais “robusta” para atender as duas unidades e o gasoduto foi construído com capacidade de transportar o dobro do consumido em Marlim Azul.

“O terreno está pronto, simplesmente vai colocar uma unidade ao lado”, comentou. A proposta está em fase de licenciamento ambiental no Ibama e a audiência pública das obras foi realizada no dia 5 de outubro. Chevalier espera conseguir aprovação no começo de 2024, a tempo de participar do leilão de energia previsto para o primeiro trimestre do ano.

Dentre as mudanças entre as termelétricas, destaca-se o processo de resfriamento: enquanto a primeira unidade vai ocorrer por meio da água, a segunda será pelo ar. “É um projeto eficiente, que faz com que não seja necessário mais água”, disse. Além disso, a usina deve ser um pouco maior, de cerca de 640 MW, e será possível gerar mais energia com a mesma quantidade de gás natural.

Fonte: Editora Brasil Energia