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Clippings - 18/01/10

Projeto de Eike promete matar paulista de inveja

O empresário Eike Batista, dono da EBX, investe R$ 200 milhões para transformar o Glória, no Rio, em hotel de luxo.

A reforma do Hotel Glória, comprado por R$ 80 milhões em 2008 pelo empresário Eike Batista, dono da EBX, começou efetivamente no início deste mês, depois de um longo perãodo de demolição. Centenas de caminhões de entulho depois, a obra começa tendo apenas a fachada clássica do antigo hotel de pé. O objetivo de Batista é que o hotel, que vai se chamar Glória Palace, se torne um novo ícone do Rio de Janeiro quando for reinaugurado no fim de 2011. A reforma vai custar R$ 120 milhões, elevando o custo total do empreendimento para R$ 200 milhões.

O hotel, que não é tombado pelo Patrimônio Histórico, mas sim preservado, é mais um dos projetos apelidados por Eike Batista de MPI, sigla de Matar Paulista de Inveja, inventada pelo empresário. A lista de entretenimento do grupo de Batista inclui o iate Pink Fleet, que faz passeios turísticos pela Baia de Guanabara, o restaurante de comida chinesa Mr. Lam, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Provocações à parte, o objetivo de Batista é transformar o Glória em uma opção para empresários e turistas em busca de charme, conforto, uma vista deslumbrante da Marina da Glória – cuja concessão ele acabou de comprar – e próximo do aeroporto Santos Dumont e do centro do Rio de Janeiro.

O Gloria Palace terá um restaurante com cúpula de vidro, spa, piscina com borda infinita, um bar a céu aberto na cobertura e um centro de convenções para reuniões corporativas. O preço das suítes vai variar entre R$ 800 e R$ 1,2 mil reais. Já a suíte presidencial custará mais de R$ 6 mil.

Nada vai ser comum nesse hotel, diz Eduardo Sardinha, gerente geral de Entretenimento do Grupo EBX. Ele resume o projeto: o Glória será um hotel cinco estrelas, de luxo, com todo tipo de segurança, conforto e tecnologia.

Detalhista, o executivo conta que o projeto do novo hotel inclui quatro escadas de emergência, antes inexistentes e seis elevadores, sendo quatro deles com capacidade de transportar 20 pessoas cada um. Isso encarece as obras, mas estamos seguindo as normas internacionais de incêndio. O hotel pode hospedar funcionários de qualquer empresa, diz Sardinha, lembrando das exigências de multinacionais quanto à segurança.

Ele é um hoteleiro. Foi gerente geral do L’Hotel de São Paulo, do grupo Sol Meliá em São Paulo, Rio e Angra, também com passagens pelo Tivoli e Quinta do Lago (ambos em Portugal), só para citar alguns dos hotéis onde passou. O projeto do Gloria é assinado por Paulo Casé e os interiores e a execução estão a cargo do arquiteto Daniel Piana. Sardinha diz que nada importante na obra é decidido sem consultar o dono, que detesta hotéis bonitos onde o hóspede precisa se abaixar para procurar tomadas. Eike participa do projeto. E pediu um quarto extremamente confortável e a melhor mesa de trabalho, funcional e simples. Ele exige que as tomadas sejam visíveis, conta o gerente geral.

O Hotel Glória ficou pronto em 1922 e foi construído para o primeiro Centenário da Independência do Brasil, a pedido do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922). A obra ficou a cargo da Companhia Construtora de Cimento Armado, por encomenda da empresa Rocha Miranda & Filhos Companhia, os primeiros proprietários do estabelecimento. Foi o primeiro prédio de concreto armado do país e ficou pronto antes do Copacabana Palace, que só foi inaugurado em agosto de 1923 devido a problemas não previstos por Octávio Guinle quando começou a obra, em 1919.

Guinle, aliás, administrou o Glória por quatro anos. Posteriormente, a família Rocha Miranda arrendou o hotel para o Copacabana Palace por 20 anos, e em 1964 decidiram vender para Arturo Brandi. Ao assumir o hotel, ele levou o último dono do hotel, Eduardo Tapajós, para dirigi-lo. Os novos donos decidiram, então, fazer uma ampliação, fecharam a parte de trás – que era aberta formando um U – aumentando o número de quartos de 180 para 321. Nessa obra, de gosto arquitetônico discutível, foram removidos salões com pé direito altíssimo para fazer mais um restaurante e escritórios para os administradores. Em 1974, o Glória ganhou um prédio anexo com mais 300 apartamentos elevando para 621 o número de quartos.

A reforma de Eike Batista vai reduzir o número de aposentos para 231. A suíte presidencial terá 188 metros quadrados. O menor apartamento terá 35. A suítes vão variar entre 42 e 72 metros.
Os apartamentos do anexo vão ser transformados na sede da EBX, holding que controla as empresas de Batista, que terá quatro andares de garagem e sete andares de escritórios. O prédio terá capacidade para 800 pessoas. Com o crescimento acelerado dos negócios de Eike Batista, não haverá lugar para OSX, nova empresa do grupo criada no ano passado para construir plataformas offshore em estaleiros administrados pelo grupo. O primeiro estaleiro deve ser instalado em Biguaçu (Santa Catarina) e o empresário também analisa a cidade de Quissamí, no norte fluminense, para uma segunda unidade. No Rio, comenta-se que a nova investida de Batista na área de entretenimento é a compra de outro hotel clássico, o Serrador, um prédio estilo art-déco, na Cinelândia, no centro do Rio, que tem 23 andares e pertence à rede Windsor. Mas sobre isso o grupo não comenta nada, ainda.