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Clippings - 25/07/24

Tecon Salvador recebe navio com 366m da MSC e inicia rota regular para Ásia

Navio ‘MSC Orion’ (Divulgação Wilson Sons)

Com chegada do ‘MSC Orion’, nesta quarta-feira (24), terminal operado pela Wilson Sons espera captar novas cargas com destino ao Oriente Médio e a países asiáticos

O Tecon Salvador (BA), operado pela Wilson Sons, recebeu, nesta quarta-feira (24) o navio MSC Orion, com 366 metros de comprimento e calado de 16 metros, com capacidade para transportar 15 mil contêineres. Nessa operação inicial, o navio demandou a movimentação de 700 contêineres. Com o marco do primeiro classe New Panamax a trafegar pelas águas da Baía de Todos os Santos, o terminal inaugurou uma rota regular do Nordeste para a Ásia, com escalas semanais e porta-contêineres com as maiores dimensões presentes na costa brasileira. A expectativa da empresa é que a conexão direta com países asiáticos beneficie exportadores e importadores das regiões Nordeste e Norte do país, além de estados do Centro-Oeste e Sudeste.

O diretor-executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço, disse que a entrada desse novo serviço escalando o Brasil é bastante importante para o grupo, sobretudo num cenário global com problemas logísticos causados por conflitos geopolíticos e com a alta ocupação dos navios. Ele ressaltou que hoje não existe serviço regular ao norte do Rio de Janeiro com escala direta para Ásia. “Todos ao norte do Rio de Janeiro hoje somos atendidos por transbordos acontecendo no Brasil, ou em portos do Caribe ou da Europa. A partir da escala direta, passamos a ter condição melhor de transit time e, provavelmente, de frete mais competitivo”, afirmou Lourenço à Portos e Navios.

Entre os principais segmentos da exportação que poderão se tornar usuários desta linha direta, estão o algodão baiano, carne, frutas, celulose, químicos e petroquímicos. Nas importações, os segmentos de energia renovável, químicos e petroquímicos, automotivo, fertilizantes, eletroeletrônicos também estão no radar da operadora do terminal.

Lourenço contou que existe um potencial de cargas dentro da hinterlândia de atuação do Tecon que hoje não é movimentado por Salvador e que, até então, não contavam com escalas de diretas. Ele citou que, até o ano passado, praticamente 100% da produção de algodão do oeste da Bahia destinada à China era movimentada pelo Porto de Santos (SP), apesar de a zona produtora ficar a uma distância duas vezes maior em relação a Salvador. O algodão dessa região vai de caminhão até o porto paulista viabilizado por conta da escala direta.

Outro caso, segundo Lourenço, é de frutas do Vale do São Francisco, como uvas e mangas, que não são exportadas para a China por causa do fator transit time. Por conta da necessidade de transbordo, o tempo da logística não oferece garantias de que as frutas cheguem às prateleiras dos supermercados em outros países com alta qualidade de consumo. Com a escala direta em Salvador, existe a possibilidade de exportação para novos destinos.

Recentemente, a Wilson Sons concluiu um ciclo de investimentos no Tecon Salvador. O diretor-executivo do terminal disse que a operação do navio com essas dimensões hoje é fruto de um longo processo, que começou em 2014 com a solicitação de antecipação da renovação do arrendamento e contrapartidas que foram firmadas na época para a ampliação de cais e da capacidade. O aditivo, assinado em 2016, prorrogou o arrendamento por 25 anos, até 2050. Desde então, duas das três fases de investimentos foram concluídas.

No segundo ciclo de expansão do terminal, concluído entre o final de 2021 e início de 2022, a empresa investiu cerca de R$ 440 milhões. Os investimentos empregados pela Wilson Sons no terminal, iniciados no ano 2000, ultrapassaram R$ 1 bilhão, o que inclui a recente duplicação de cais, aumento da profundidade do calado para 16 metros, ampliação de retroárea para armazenamento das cargas, adoção de novas tecnologias, aquisição de maquinários elétricos e treinamento de equipes operacionais.

Em 2018, o Tecon Salvador foi o segundo terminal portuário do Brasil a ter o canal de acesso e a bacia de evolução homologados para navios classe New Panamax. “Temos capacidade ociosa e passamos para os armadores essa capacidade, o nível de eficiência e nossa produtividade. Isso é bem visto pelos armadores que estão buscando oportunidades ao longo da costa onde podem movimentar mais cargas”, vislumbrou Lourenço.

Fonte: Revista Portos e Navios