Companhia quer antecipar metas de produção de SAF em dois anos e planeja planta nova na Refinaria de Paulínia

Um ano após assumir a Petrobras, a presidente da companhia, Magda Chambriard, comemora a retirada de projetos do papel e o avanço acelerado de contratações. Uma das principais, mais robustas, as obras da Rnest ganharam contratos que ficaram pelo menos R$ 1 bilhão abaixo do inicialmente previsto pela empresa nos dois primeiros lotes da concorrência.
Segundo a presidente da companhia, Magda Chambriard, o desconto se deve à maneira diferente de contratação para o certame, no qual a Petrobras indicou um preço que teria de ser necessariamente reduzido pelos vencedores das licitações.
“Mudamos a forma de contratação; a Petrobras sempre foi, digamos assim, acusada de preços altos, então mudamos a forma e dissemos: ‘nosso preço é esse aqui, vai ganhar quem der menos’. Aí só nos dois primeiros lotes tivemos R$ 1 bilhão de economia”, disse, em coletiva de imprensa na sede da empresa para apresentar o que foi feito em um ano de gestão. “Estamos falando de trabalho, entrega e de reputação também”, completou.
Na segunda-feira (16), a Petrobras anunciou os primeiros contratos para conclusão da construção do Trem 2. Com valor aproximado de R$ 4,9 bilhões, os acordos contemplam a implantação da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), da Unidade de Hidrotratamento de Diesel S10 (UHDT-D), e da Unidade de Destilação Atmosférica (UDA). A UCR terá potencial para processar até 75 mil barris/dia de carga, enquanto a UHDT-D poderá operar com até 82 mil barris/dia. Já a UDA contará com capacidade de 130 mil barris/dia.
Antecipação da produção
A Refinaria de Abreu e Lima, nome original que foi resgatado durante a coletiva, deve começar a produzir a partir de seu segundo trem cerca da metade de sua capacidade já no próximo ano, com conclusão prevista para depois de 2027.
Neste ano a refinaria de Pernambuco concluiu uma unidade de enxofre e uma manutenção. A estimativa era de uma capacidade de produção era de 110 mil barris por dia mas a Rnest passou a produzir 130 mil, segundo Magda, devido ao “esforço do refino e muito trabalho da engenharia e suprimento”.
O plano é colocar a unidade de destilação 2 da Rnest para operar em julho do ano que vem, saindo dos 130 mil do primeiro trem para 180 mil barris em 2026.
A ampliação e modernização da produção de combustíveis, com vários outros projetos de descarbonização, envolve várias refinarias da Petrobras.
A presidente, ao lado de sua diretoria, destacou a interligação da Reduc com o Complexo Boaventura e o pólo da Braskem, três empreendimentos localizados no estado do Rio.
Antecipação das metas de SAF
Entre os projetos citados, plantas que produzirão querosene de aviação a partir de etanol, na linha da produção de combustíveis mais limpos, renováveis na medida do possível. É o caso da Refinaria de Paulínia, que abrigará uma planta, como informou o diretor William França, até 2029.
Segundo Chambriard, a Petrobras vai antecipar em dois anos as metas de descarbonização do combustível de aviação definidas pela Organização da Aviação Civil Internacional, que estabeleceu a meta de reduzir 5% das emissões de CO² da aviação internacional através do uso de Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF) até 2030. A executiva afirmou que a Petrobras está produzindo QAV com coprocessado com 1,2 por cento de óleo vegetal. “Ninguém tem isso no mundo”, disse.
Outra inovação é a substituição de óleo árabe para produzir lubrificantes pelo óleo nacional.
Licitação para Fafens sai até outubro
Na área de fertilizantes, a Petrobras prevê produzir pelo menos metade do que o país importa, considerando uma produção de 3,5 milhões a 4 milhões de toneladas anuais de ureia. São vários projetos em andamento, listados pelos executivos durante a coletiva.
A Ansa já deu partida na produção e deve até os próximos 15 dias operar a planta normalmente com 800 mil toneladas ano de ureia.
As Fafens de Sergipe e Bahia, após a conclusão do acordo com a Proquigel já realizado, devem ter início de operação em novembro, segundo França. Para isso, ele espera lançar em outubro a licitação de equipamentos e necessidades de serviço das unidades.
A UFN3 já foi aprovada e está sendo licitada para ser construída, segundo Magda. “Em meados do ano que vem já estará fazendo alguma coisa, não a plena carga mas já estará fazendo alguma coisa”.
“Para quem não tinha nada já estamos entregando isso, com projeto economicamente viável, rentável, aspirado pela sociedade e aprovado e requerido pelo governo num país do agronegócio que precisa de fertilizante, que importa 90% dos seus fertilizantes”, disse Magda. “Vamos substituir importações de fertilizantes com lucro”, acrescentoiu.
Fonte: Revista Brasil Energia