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Clippings - 31/07/25

Perdas do comex brasileiro podem cair de 15 para 5 bilhões de dólares/ano, estima Cibra

Arno Gleisner, da Câmara de Comércio, espera que lista dos produtos excluídos das sobretaxas americanas seja ampliada com itens exportados pelo Brasil que não podem ser substituídos, em quantidade e em qualidade. Cecafé mantém negociação com parceiros americanos para tentar incluir produto na lista de exceções

O diretor da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), Arno Gleisner, reagiu com otimismo ao decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que excluiu diversos produtos brasileiros da lista daqueles sobre os quais serão cobradas tarifas de importação de 50%. Após fazer uma primeira análise da lista de excluídos da sobretaxa de 40%, anunciada na tarde desta quarta-feira (30), ele estima que a perspectiva de perdas anuais do comércio brasileiro caiu de 15 bilhões de dólares por ano para algo em torno de 5 bilhões de dólares anuais.

“É uma boa notícia para os exportadores e para e economia brasileira”, disse à Portos e Navios. Ele ressaltou a importância de escaparem da sobretaxa produtos de maior valor, como aviões, carros, equipamentos eletrônicos e outros manufaturados, além de petróleo e seus derivados, que têm forte participação no volume de exportações brasileiras para o mercado americano. “Os números do petróleo são sempre gigantes”.

Gleisner lembrou que os americanos são os grandes importadores dos manufaturados brasileiros e disse acreditar que, passada a fase de incerteza criada pela ameaça do presidente dos Estados Unidos de cobrar tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos oriundos do Brasil, há espaço até para aumentar as vendas para o mercado americano. Ele justifica dizendo que a indústria brasileira tem capacidade para competir com as de outros países e aumentar sua fatia nas importações norte-americanas, se tiver tarifas iguais.

O diretor da Cisbra vê a mudança de postura do governo americano como resultado do trabalho dos empresários brasileiros que, desde Trump anunciou que taxaria os produtos brasileiros em 50%, se mobilizaram para conversar com seus parceiros dos Estados Unidos para mostrar que a elevação das tarifas seria ruim para os dois lados. “Os argumentos principais, que foram bem sucedidos, foram a necessidade e a conveniência da indústria americana para se manterem competitivos. É uma relação boa para os dois países. Foi o que influenciou o governo americano”.

Gleisner espera que a lista dos excluídos das sobretaxas americanas seja ampliada porque há produtos exportados pelo Brasil que não podem ser substituídos, em quantidade e em qualidade. Ele citou o café como exemplo. “O café brasileiro tem boa aceitação pelos americanos por sua qualidade, que não tem similar na produção de alguns exportadores”.

Ele disse estar otimista com a possibilidade de em breve o café brasileiro, que representa 30% das importações americanas do produto, voltar à tarifa praticada até o mês de julho, de 10%. Segundo o diretor da Cisbra, se for retirada a sobretaxa e as exportações brasileiras forem normalizadas, a expectativa é que as perdas do Brasil no comércio com os Estados caiam para algo entre dois e três bilhões de dólares. “Quem sabe ainda entra na lista dos que não sofrerão sobretaxa?”.

Gleisner prevê em curto prazo a normalização dos embarques de produtos que ficaram retidos no Brasil desde que, em 9 de julho, Trump anunciou que elevaria, a partir de 1º de agosto, para 50% as tarifas de importação cobradas sobre todos os produtos brasileiros. Também nesse caso, Gleisner admite a possibilidade de aumento de volume importado, num primeiro momento para compensar o que não foi exportado no período de insegurança e depois porque os produtores do país têm potencial para ampliar sua participação no mercado americano.

O diretor da Cisbra disse, no entanto, que a entidade não tem um balanço fechado sobre o volume de contratos que foram cancelados e nem de embarques que foram suspensos. Ele explicou que isso se deve à diversidade de situações envolvendo a relação entre exportadores brasileiros e importadores americanos. Segundo ele, há casos de importadores que cancelaram contratos temendo pagar a sobretaxa e de outros que pediram o adiamento do envio dos produtos à espera de uma possível revisão das taxas, como aconteceu.

Do lado brasileiro, houve situações em que exportadores decidiram suspender envios para evitar riscos de inadimplência dos compradores ou mesmo de terem os produtos recusados na entrega e serem obrigados a arcar, além dos preços dos fretes, inclusive de retorno, com custos de armazenagem e desembaraço de cargas nos Estados Unidos.

Cecafé mantém negociação para evitar sobretaxa
Após da divulgação nesta quarta-feira do decreto do presidente Trump que manteve a ameaça de cobrar tarifa de importação de 50% sobre o café comprado do Brasil, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgou nota em que informa que mantém negociação com seus parceiros americanos, como a National Coffee Association (NCA), para pressionar o governo dos Estados Unidos a incluir o produto na lista de exceções. No documento, a entidade lembra que os cafés brasileiros representam “fatia superior a 30% do mercado cafeeiro norte-americano”.

Fonte: Portos e Navios