Ela será a primeira planta dedicada à produção de BioQAV (biocombustível de aviação) e diesel 100% renovável – o chamado R100 – do país. A nova unidade será instalada na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP)

A Petrobras informou, na segunda-feira (4), que concluiu recentemente o projeto básico da primeira planta dedicada à produção de BioQAV (biocombustível de aviação) e diesel 100% renovável – o chamado R100 – do país. A nova unidade será instalada na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), com capacidade de produzir até 15 mil bpd de BioQAV ou 16 mil bpd de diesel R100.
O projeto prevê a instalação de uma unidade de pré-tratamento de óleo de soja e sebo bovino como insumos – das regiões brasileiras Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A projeção é instalar 20 novos tanques de armazenamento dessas matérias-primas e produtos acabados no local.
A infraestrutura necessária para o funcionamento da planta conta com subestação, tancagem de produtos químicos, torre de água de resfriamento, sistema de ar comprimido, entre outros sistemas.
A tecnologia utilizada no projeto é a HEFA (Hydroprocessed Esters and Fatty Acids), vinda dos EUA, que possui dois reatores com leito catalítico. Nesse processo, as matérias-primas de origem animal e vegetal são convertidas em combustíveis na presença de hidrogênio e catalisadores seletivos.
Inicialmente, a planta seria exclusivamente para abastecer o mercado interno, mas a Petrobras já vislumbra uma expectativa de exportação. A produção da RPBC terá como destino prioritário o abastecimento do aeroporto de Guarulhos.
Iniciativas globais de redução de emissões
De acordo com a gerente setorial de Projetos de Engenharia da Petrobras, Claudine Toledo, o projeto surgiu da necessidade de alinhamento da companhia às iniciativas globais de redução de emissões, habilitando a produção de SBC (Sustainable Biofuel for Aviation Sustainable Blended Component) por meio do processamento de matérias-primas renováveis.
A demanda pela produção de SBC está atrelada aos compromissos assumidos pelas empresas de aviação com o Corsia (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation) e com a Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.993/24), que entra em vigor a partir de 2027. A implementação desse projeto na RPBC resultará em um Índice de Energia Sustentável (IES) estimado de 93,5%, segundo a Petrobras.
“O setor aéreo atualmente é responsável por aproximadamente 3% das emissões globais de CO₂ e o uso do BioQAV viabilizará a descarbonização desse importante setor, sem a necessidade de grandes mudanças em infraestrutura”, disse o gerente do projeto de BioQAV, da área de Projetos de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, Leonardo Martins Barbosa, segundo o comunicado.
A RPBC possui capacidade instalada de 178 mil bpd. Seus principais produtos são: gasolina A, gasolina Podium, gasolinas de competição, coque de petróleo, gasolina de aviação, óleo diesel, gás de cozinha, nafta petroquímica, gás natural, combustível para navios (bunker), hidrogênio, butano desodorizado, benzeno, xilenos e tolueno, hexano, enxofre, resíduo aromático, etc.
A maior parte dos produtos destina-se à capital paulista. Há, ainda, uma parcela para Baixada Santista e regiões Norte, Nordeste e Sul.
Fonte: Revista Brasil Energia