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Clippings - 01/09/25

Licença à Chevron abre portas para outras empresas na Venezuela

Análise do Diretor Administrativo para a América Latina da Rystad Energy, W. Schreiner Parker, destaca que tudo dependerá se a licença OFAC à Chevron for expandida e replicada para outros países ou se vai caducar

Foto: Divulgação Chevron

A licença especial do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) concedida à Chevron pelo governo dos EUA pode abrir caminhos para que empresas como a Eni, Repsol ou Reliance expandam suas produções na Venezuela. É o que diz o Diretor Administrativo para a América Latina da Rystad Energy, W. Schreiner Parker, em um special insight divulgado na quinta-feira (28).

A licença OFAC foi concedida no final de julho à companhia norte-americana. Esta autorização permite às empresas realizarem transações que, de alguma forma, seriam proibidas. “Olhando para o futuro, muito depende se a licença específica da Chevron é expandida, replicada para outras empresas ou se pode caducar”, analisa Schreiner Parker. 

Para ele, a Casa Branca está em busca de uma estratégia dupla, no qual ao mesmo tempo em que reduz as restrições ao petróleo venezuelano está intensificando a pressão sobre o presidente do país, Nicolás Maduro. 

Do lado da Chevron, garantir a licença é uma vitória, pois sua produção pode aumentar em 250 mil bpd, um valor que corresponde a mais de 10% de sua produção atual apenas de petróleo. Apesar disso, o número é considerado pouco para mudar os preços do petróleo Brent. 

“As refinarias, particularmente na Costa do Golfo dos EUA, provavelmente darão as boas-vindas à reintrodução de barris pesados venezuelanos. Com os mercados globais saturados de petróleo leve e doce, os graus mais pesados do Cinturão do Orinoco fornecem a diversidade necessária”, estimou o diretor da Rystad Energy.

Para a PDVSA, a estatal de energia da Venezuela, a licença abre uma porta para se reestabelecer nos mercados globais, embora a recuperação ainda seja algo em desenvolvimento. A presença da Chevron, em sua visão, oferece à companhia uma “tábua de salvação”.

Ainda é improvável que a PDVSA volte aos regimes de impostos e royalties que tinha antes, mas a atividade renovada das duas empresas poderia injetar o impulso necessário no setor upstream. Mas, como aponta o diretor, sem uma reforma sistêmica maior, é difícil que níveis de produção pré-sanções retornem. 

O diretor da Rystad também destaca que flexibilizar as sanções sinaliza um ajuste estratégico na Casa Branca. O governo adotou uma postura mais transacional, que reconhece o poder de permanência do governo chavista. Ao criar espaço para um engajamento corporativo limitado, os EUA estão reconhecendo a futilidade do isolamento total, mantendo a pressão política intacta, explicou ele.   

“Os barris venezuelanos por si só não mudarão o equilíbrio dos mercados globais de petróleo, mas podem reequilibrar silenciosamente um segmento onde a escassez é mais aguda. Isso, juntamente com a capacidade de execução da Chevron, garante que essa abertura, por mais estreita que seja, será observada de perto em todo o setor”, disse, por fim, Schreiner Parker.

Fonte: Revista Brasil Energia