
Mota-Engil, que tem 32% de participação da chinesa CCCC, ofereceu em sua proposta desconto de 0,5% sobre contraprestação máxima pública, de R$ 438,4 milhões, vencendo sua única concorrente no certame, a espanhola Acciona, que não ofereceu desconto
Depois de quase 100 anos de espera, desde que o primeiro projeto de ligação seca entre Santos e Guarujá foi elaborado, em 1927, bastaram 19 minutos desde o início do leilão de concessão para construção, exploração e manutenção do túnel imerso ligando as duas cidades, para que fosse anunciado o vencedor: o grupo português Mota-Engil. Ele ofereceu em sua proposta desconto de 0,5% sobre a contraprestação máxima pública, de R$ 438,4 milhões, e venceu seu único concorrente no certame, a empresa espanhola Acciona, que não ofereceu desconto. O pregão realizado na Bolsa de Valores do Brasil, a B3, em São Paulo, foi iniciado às 16h28 e às 16h27 o nome do ganhador anunciado. A previsão é de que as obras sejam iniciadas em 2026.
A empresa vencedora tem participação de 32,4% da estatal chinesa China Communications Construction Company (CCCC), responsável pela construção do maior túnel imerso chinês, o Taihu, que tem 10,8 quilômetros de extensão. Em seu primeiro pronunciamento como vencedor da concessão, antes de bater o martelo, o vice-presidente do grupo Mota-Engil, Manuel Antônio Vasconcelos, disse que encara a construção do túnel como um desafio, mas mostrou otimismo com a empreitada. “Temos certeza que iremos cumprir nossas obrigações e esperamos iniciar a obra o mais rápido possível”, disse Vasconcelos.
Com investimento previsto de R$ 6.8 bilhões, o túnel que ligará Santos à vizinha Guarujá será o primeiro submerso do Brasil, terá 1,5 quilômetro de extensão, dos quais 870 metros sob o mar, três faixas de rolamento em cada sentido, para circulação de carros de passeio, ônibus, caminhões e motos, ciclovia, pista para pedestres e faixa para Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). Quando for entregue, em 2030, a previsão é que o trajeto entre as duas cidades, que hoje é feito em média em 18 minutos de balsa, incluindo o tempo nas filas, ou em até mais de hora de carro, seja realizado em dois minutos.
A concessão será de 30 anos, com a empresa vencedora do leilão ficando com a arrecadação do pedágio, estipulado inicialmente em R$ 6,15 para carros, R$ 3,07 para motos e em R$ 18,35 para ônibus e para caminhões. Terminado o prazo, a administração passará à Autoridade Portuária de Santos (APS).
O projeto de construção do túnel é a maior obra de infraestrutura prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e foi elaborado em colaboração pelos governo federal e estadual. Ele foi incluído no Programa de Parceria Público Privada (PPP) do governo federal e contará com aportes da Autoridade Portuária de Santos (APS), estatal que administra o Porto de Santos, além de recursos dos orçamentos da União e do estado de São Paulo.
Fonte: Revista Portos e Navios