O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Fialho, afirma que, além de investir no fortalecimento da navegação entre portos nacionais – cabotagem – os armadores brasileiros não devem abrir mão do sonho de voltar aos portos do mundo.
– Não é admissível que um país que caminha para ser a sétima economia do mundo não tenha sequer um navio nos portos internacionais – comenta Fialho, lamentando haver alto déficit anual de fretes. O dirigente admite que o país não se preparou para permanecer na navegação internacional, após o êxito obtido na década de 1980, quando o Brasil chegou a reter 40% dos fretes gerados pelo comércio.
– Não tenho dúvidas de que um dia os navios verde e amarelos voltarão ao exterior. A política do governo é a de reforçar a cabotagem e abrir espaços para o retorno ao longo curso – disse Fialho, que elogiou o sistema das Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs), através do qual a Petrobras estimula empresas privadas brasileiras – tanto de capital nacional como estrangeiro – a encomendarem navios no país e operarem com tripulação nacional.
Admite Fialho que, hoje, entrar na navegação internacional é mais difícil do que há algumas décadas, pois empresas européias tradicionais, além de disporem de alta tecnologia, se aglutinaram, formando oligopólios, difíceis de serem vencidos.
– A política brasileira é a de garantir a cabotagem e, depois, partir para pegar uma fatia em comércio exterior- disse Fialho.
O Governo também pensa na navegação interior. Nos próximos meses, as eclusas de Tucuruí permitirão operação regular ao Rio Tocantins, o que propiciará enorme benefício a produtores agrícolas do Centro-Oeste, para escoamento de cargas pelo Norte do país.
Revelou que o Ministério dos Transportes deverá fazer a derrocada do Pedral do Lourenço, um acúmulo de rochas que ainda prejudica a navegação pelo Tocantins, mesmo após a inauguração das eclusas.
Admitiu que as três novas obras hidrelétricas não terão eclusas – Belo Monte, Santo Antonio e Jirau – mas disse que convencer as autoridades de energia é um desafio. Só que, nos últimos tempos, a Antaq conta com apoio da Agência Nacional de Águas (ANA).
– O país tem de entender que o regime de águas é integrado. A água tanto serve para gerar energia, como para suprir a população e como para a navegação interior. Esse conceito terá de ser entendido nos próximos anos – disse, lembrando que os Estados Unidos usaram o Rio Mississipi para ganharem poder de competitividade no agronegócio e o Brasil tem de seguir esse bom exemplo com a sua navegação interior.
– O uso múltiplo das águas será uma realidade, queira-se ou não – concluiu.
Após uma recondução, Fialho não poderá ser reeleito e terá de deixar a Antaq em fevereiro de 2012.