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Clippings - 16/10/24

AFRMM gerou R$ 42 bilhões para economia em 15 anos, aponta estudo

Arquivo/Divulgação

Levantamento do Ilos, encomendado pela Abac, identificou benefícios que extravasam atividades ligadas ao setor aquaviário

Um estudo do Instituto Ilos mostra que, nos últimos 15 anos, foram aplicados no Brasil R$ 42 bilhões a partir do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), como soma dos desembolsos do Fundo de Marinha Mercante e da conta vinculada. Desse montante, R$ 16 bilhões corresponderam à arrecadação da União. O levantamento sobre a importância do AFRMM, encomendado pela Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), também identificou que, em média, foram gerados 81 mil empregos por ano no país, a partir do que foi investido com o adicional.

Para o diretor executivo da Abac, Luis Fernando Resano, o estudo comprova que o AFRMM traz benefícios não somente para empresas brasileiras de navegação (EBNs) e para a indústria naval, mas para a economia brasileira como um todo, com geração de empregos e aumento da competitividade. Ele destacou os benefícios da política setorial para a descarbonização da matriz de transportes e como fonte de recursos livres para a União, com repasse de 30% do que é arrecadado, proveniente do setor privado e sem necessidade de aportes públicos.

O Ilos também encontrou um equilíbrio na aplicação dos recursos de fomento às economias regionais, com 52% concentrados nas regiões Sul e Sudeste e 48% no Norte e Nordeste, impulsionando áreas historicamente menos favorecidas e de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). “O estudo desmistifica o uso do FMM e mostra para a sociedade que o benefício é para todos e bom para o Brasil”, comentou Resano à Portos e Navios.

O trabalho destaca que o AFRMM é essencial para o fomento da construção, modernização, reparação e manutenção da frota mercante nacional, desenvolvendo a indústria naval e o modal aquaviário brasileiros. Um dos apontamentos é que o adicional contribuiu para que o Brasil tenha mais que dobrado os volumes transporte de contêineres e em barcaças nos últimos anos, com a construção e manutenção de duas mil embarcações em 15 anos.

Os recursos da arrecadação do AFRMM são direcionados ao FMM, às contas vinculadas das EBNs, à União, através da DRU (Desvinculação de Receitas da União), e para fundos federais. O tributo incide sobre o frete do transporte aquaviário de cargas desembarcadas no país. O relatório cita que 99,5% do AFRMM têm como fonte geradora a importação por via marítima (longo curso), que correspondem a 0,6% do total importado pelo Brasil no mesmo período. Os 0,5% restantes têm origem nos segmentos de cabotagem e de navegação interior.

O crescimento da movimentação de carga neste dois segmentos, nos últimos 15 anos, foi de 109%. Segundo a publicação, 38% dos embarcadores pretendem aumentar o uso da cabotagem até 2025. Uma das conclusões do estudo é que os recursos do AFRMM são importantes para o fomento da navegação interior e serão fundamentais para o seu crescimento na região Norte nos próximos anos. O levantamento chama a atenção que, até 2033, o volume de soja e milho exportados deve crescer cerca de 20%, especialmente nos portos do Arco Norte, onde chegam através da navegação interior.

De acordo com o relatório, até 2050, as EBNs deverão reduzir em 100% suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Dentre as soluções necessárias para buscar a meta está a adaptação e construção de embarcações menos poluentes. Outro aspecto apontado é que o planejamento da Petrobras e da Transpetro já prevê o uso dos recursos do FMM na construção de novas embarcações.

O trabalho do Ilos também menciona exemplos de países, de diferentes continentes, onde o setor naval conta com incentivos de Estado, desde fundos governamentais direcionados à construção e empréstimos com condições mais favoráveis do que no mercado, até medidas protecionistas, índices de conteúdo local e financiamento a projetos que migrem cargas do modal rodoviário para o aquaviário. Entre os citados estão: China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

Fonte: Revista Portos e Navios