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Clippings - 22/06/09

Água de lastro pode influir no aquecimento global

Na luta para proteger o meio ambiente, pesquisadores querem a elaboração de propostas mais efetivas para o controle sobre o descarte da água de lastro nos portos do País. Segundo dados científicos, são despejados em torno de 10 bilhões de toneladas do líquido por ano e, a cada viagem, cerca de três mil espécies de microorganismos são transportadas nessa água.

As informações sobre o tema foram apresentadas ontem por especialistas durante o último dia do 2º Meeting Vida Marinha, promovido pela TV Tribuna e realizado no Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini, no Armazém 25 do Porto de Santos. No encontro, os técnicos admitiram que a água de lastro, embora em menor escala que outras fontes de poluição, pode contribuir para o aquecimento global e, ainda, para a transmissão de doenças.

A biomédica Solange Lessa Nunes, responsável por estudos que comprovam o impacto causado pela água de lastro nos estuários, explicou que os microorganismos levados muitas vezes de um continente para outro junto à água foram responsáveis por problemas de saúde pública.

A sétima pandemia mundial, provocada pela bactéria Vibrio Choleare, causadora da cólera, chegou a América Latina em 1991 e, no Brasil, pelo Rio Solimões. Já a Salmonella, um dos principais focos do trabalho de Solange, e que provoca doenças infecciosas nos seres humanos, que podem levar à morte, foi encontrada em 24 amostras de água colhidas no Canal do Estuário de Santos, há cinco anos.

Diante dessa situação, ela defendeu a necessidade do monitoramento das áreas portuárias como forma de evitar o transporte dessas espécies pela água de lastro, e criticou a falta de iniciativa e de preocupação das autoridades com o assunto, ainda desconhecido pela maioria da população.

Além da influência direta na saúde pública, Solange garantiu que, apesar de não haver uma constatação de que a água transportada nos porões está diretamente ligada ao aquecimento global, há a possibilidade de contribuir para esse quadro. Qualquer mudança dentro de um determinado ecossistema deve causar algum impacto e provocar alterações no clima, inclusive.

A PHD em Ciências explicou que os microorganismos que vêm na água de lastro competem com outras espécies próprias do litoral brasileiro e ali se estabelecem por não haver predador natural. Com isso, eles se estabelecem, proliferam econseguem manter a vida normal, pois encontram os mesmos alimentos que tinham.

MEXILHÕES DOURADOS
O presidente da ONG Água de Lastro Brasil ¬ criada para divulgar o problema ¬, Newton Narciso Pereira, destacou a chegada dos mexilhões dourados ao Brasil por meio do transporte marítimo, invadindo os rios Tietê-Paraná, Paraguai e Uruguai. O molusco se fixa em qualquer estrutura dura e se reproduz rapidamente.

Segundo Pereira, as espécies são encontradas em usinas hidrelétricas, onde o seu acúmulo pode afundar equipamentos flutuantes, prejudicar a operação de equipamentos submersos e obstruir tubulações.

Diante das questões apresentadas, Pereira apresentou propostas que podem amenizar o problema. Entretanto garantiu que as soluções não são totalmente efetivas, devido às vantagens e desvantagens em relação ao custo, manutenção, eficácia e impacto ambiental.

Entre algumas das medidas operacionais destacadas por ele estão a troca oceânica (substituição da água longe da costa, no meiodooceano,devidoàdiferença de salinidade); transbordamento de tanque (a água de lastro seria liberada pelo convés do navio, com risco de contaminaçãodostripulantes)ediluição(envolve o carregamento do lastro pelo topo,com descarga simultâneapelofundodostanques).

Entre as alternativas tecnológicas estão a filtração, hidrociclone, aquecimento, choque elétrico, irradiação por raios ultravioleta, aplicação de biocidas e desoxigenação. Nesse caso, um dos principais fatores que onera a instalação destes sistemas a bordo do navio é o custo de aquisição, manutenção e operação.
Fonte: A Tribuna/Santos,SP/LYNE SANTOS