São PAULO – Companhias seguradoras esperam que, com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o País passe por um perãodo de grandes investimentos e intenso desenvolvimento no setor de grandes riscos nos próximos anos, atingindo o ápice em cinco ou seis anos. Para fazer frente à essa demanda, a Allianz visa principalmente, nesse momento, obras de infraestrutura, enquanto a Aon olha com mais carinho para produtos em fusões e aquisições e construção e responsabilidade civil.
Hoje em dia, os governos encaram o fato de não ter dinheiro para construir todas as obras de infraestrutura necessária, por isso liberam concessões para que empresas o façam, explica o vice-presidente Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), Hans Pottker. A empresa irá trazer ao País, em 2010, uma apólice para cobrir o modelo de contrato entre empresas e governo chamado Build-Operate-Transfer (BOT), onde a iniciativa privada recebe a licença do setor público para financiar, projetar, construir e operar uma instalação por um perãodo determinado.
É uma apólice que começa no perãodo de construção e dura até o fim da fase de operação. Assim, não há espaços descobertos entre a formatação de uma apólice para a construção e outra para o perãodo de operação, afirma Pottker.
Segundo ele, o produto pode ser aplicado, entre outros, em estradas, portos e linhas ferroviárias, além de arenas esportivas. Não estamos pensando o Brasil apenas para Copa do Mundo e Olimpíadas. Estamos olhando o País em um longo prazo. Iremos trazer outros produtos também.
Pottker diz que a empresa irá importar, e adaptar ao País, produtos que já estejam maduros em outros mercados.
Por isso, diz o executivo, já foram identificada oportunidade para a entrada de um outro produto no mercado nacional, chamado, na França, de decenal. É um seguro de dez anos para prédios, principalmente para comerciais, explica.
Os executivos do grupo, no entanto, dizem que será necessário adaptá-lo antes de trazê-lo ao País. Na Europa, a construtora tem uma obrigação de dez anos após o prédio estar concluído, e há também necessidade de ter um seguro. Aqui, são cinco, mas a lei não obriga a possuir uma apólice, diz Angelo Colombo, Diretor executivo de Grandes Riscos da Allianz Seguros.
A companhia, completa Pottker, espera trazer esse seguro o mais rapidamente possível, porém ainda não sabe se será no próximo ano. Trazer o produto é mais fácil que explicá-lo. Para conseguir vender, é preciso que as pessoas aceitem-no e entendam. É preciso convencer que é bom produto para elas.
O vice-presidente diz que, além de seguros, a empresa quer também trazer expertise. Queremos trazer também know-how. Não estamos no País apenas para assegurar coisas, queremos adicionar valor ao cliente também do ponto de vista técnico.
Os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, diz Pottker, irão trazer um boom de investimentos em infraestrutura ao Brasil. Porém, isso é parte da economia nacional, há muito mais no País. Se deixá-los de fora, o Brasil não é menos interessante para nós, finaliza
Aon
A Aon também vê com otimismo o cenário nacional nos próximos anos. A empresa discute ainda internamente quais os produtos poderão vir compor o portfólio nacional e como oferecê-los às empresas. Ainda há uma demanda reprimida por obras de rodovias, ferrovias, portos e estaleiros e metrô no País. Além disso, também há demanda de grandes empresas, principalmente nas áreas de petroquímica e siderurgia, analisa o vice-presidente Aon Risk Services, Marcelo Homburger.
Para ele, a expectativa já para 2010 é excelente. Estamos otimistas com investimentos públicos e privados, com programas como o de Aceleração do Crescimento [PAC], obras que são necessárias de infraestrutura, geração de energia e investimentos que o pré-sal irá demandar. Apostamos no Brasil nos próximos anos, afirma.
Ainda segundo ele, os próximos anos deverão ser intensos, também por conta da Copa e Olimpíadas. Haverá uma necessidade grande de seguros e gestão e mitigação de risco. Para Homburger, esses grandes eventos já deverão atrair alguma movimentação no mercado já no próximo ano, com crescimento ao longo dos próximos quatro ou cinco.
Para ele, haverá demanda grande não só por seguros, mas também por gestão de risco. É necessário primeiro identificar esse risco e depois tratar de maneira a de mitigar esse risco.
Hoje, continua, não somos puramente corretor, mas também consultor de risco. Fazemos o trabalho para identificar, tratar e mitigar, utilizando o seguro como ferramenta, completa o vice-presidente
Ele explica ainda que, em grande parte, o fim do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), foi responsável pela projeção de expansão do mercado. A abertura do mercado possibilitou a diferenciação. Com o IRB, a condição era a mesma para todas as seguradoras, sem possibilidade de customizar soluções, diz.
Segundo ele, a companhia vem crescendo de forma intensa nos últimos anos, cerca de 25% anualmente. Esse crescimento é por conta de investimento, não só por abertura de escritório e expansão geográfica, como também investindo na equipe. Não vai ser diferente para 2010 nem próximos anos.
O Brasil ter entrado no radar de investimentos, completa, é bom mas também tem um certo custo. Como o País está crescendo muito, nossa matriz começa também a exigir essa performance. A gente não tem a menor dúvida que vai apresentar um crescimento bem razoável nos próximos 3 ou 4 anos, finaliza.