Hans Pöttker, vice-presidente da AGCS em Riscos de Engenharia: Dentro de 5 a 10 anos, vamos ver onde estamos
Na mesma semana em que obteve autorização para ingressar no Brasil como resseguradora, a Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS) enviou ao Brasil seu vice-presidente mundial em Riscos de Engenharia, Hans Pöttker. Ele é conhecido por só se deslocar para países onde há chance de realizar bons negócios. E Hans chegou com um olho bem gordo. Estamos interessados nos negócios do pré-sal, na construção dos estádios da Copa de 2014, nas hidrelétrica e também no trem-bala, conta o vice-presidente.
Os primeiros negócios já estão sendo fechados. Embora a empresa não confirme, Valor apurou que ela é responsável pela apólice na construção das térmicas de Pecém com a MPX, de Eike Batista, e agora está de olho em contratos com a OGX, outra empresa do grupo do empresário, no setor de petróleo.
Aliás, este é o setor foco da multinacional neste primeiro momento. De olho na grande quantidade de operações que vão surgir no país com a exploração do pré-sal, a seguradora quer participar da construção de plataformas, de refinarias – incluindo às do Comperj, no Rio – , de navios e também de toda a operação.
Segundo Pöttker, outro objetivo da entrada da empresa no Brasil é virar parceira de multinacionais brasileiras, como a Petrobras, a Odebrecht, a Camargo Corrêa, a OAS, a Vale e a MMX e segurar seus negócios também no exterior.
O Brasil é grande, tem uma liderança na América Latina e está se expandindo. E para se expandir, precisa de investimentos também no mercado interno, explica o vice-presidente.
Poder e conhecimento para tal não falta. A seguradora é a líder em serviços financeiros do setor no mundo, com receita de 49,9 bilhões no primeiro semestre deste ano e lucro líquido de 3,2 bilhões no mesmo perãodo. Apesar da crise, a base de ativos em valor de mercado do grupo Allianz apresentou uma expansão de ? 7,3 bilhões segundo semestre de 2008 para ? 7,4 bilhões.
No Brasil, a Allianz Seguros, cresceu 32% no primeiro semestre deste ano , com cerca de R$ 910 milhões em prêmios e é a segunda seguradora em risco de engenharia, atrás apenas do Itaú Unibanco.
Hans Pöttker não quer afirmar que o objetivo da empresa é chegar ao primeiro lugar no ranking de seguros e resseguros no país. No entanto, sorri quando a pergunta é aonde a Allianz quer chegar e depois responde: Dentro de 5 a 10 anos, vamos ver onde estamos.
Atualmente, apesar da abertura do mercado de resseguros no país, que gira em torno de R$ 1,886 bilhão, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Re) ainda é responsável por 80% do mercado com R$ 1,669 bilhão, seguido muito de longe pela Munich Re, que tem 10,39% dos contratos.
Para jogar pesado, a Allianz promete trazer ao mercado nacional sua filosofia de operação. Em obras muito grandes, engenheiros da seguradora são deslocados para acompanhar o dia a dia e podem até propor mudanças para evitar riscos. Foi o que aconteceu na obra do aeroporto de Hong Kong, que custou 11 bilhões de libras (? 13 bilhões) e durou 12 anos. Num dos dias, eles resolveram concretar um pilar de uma ponte e ao mesmo tempo explodir pedras de uma montanha. Nosso engenheiro interveio e explicou que as explosões poderiam por em risco o pilar, conta com orgulho Pöttker.
No entanto, para o vice-presidente, o mercado nacional e os engenheiros locais têm muito a contribuir para a Allianz, assim como fazem os da Ásia ou da Europa. Vamos formar um grande time e agregar know how, explica.
Diplomaticamente, o vice-presidente do grupo Allianz não quer entrar nas questões políticas do pré-sal ou dos custos em relação a exploração do petróleo numa profundidade de 7 mil metros abaixo da lâmina d’água. Nós vamos medir os riscos e os custos técnicos da operação. Não nos metemos em política, avisa. No entanto, explica que se os custos da exploração subirem muito, os custos do seguro também subirão. (Fonte: Valor Econômico/Paola de Moura, para o Valor, do Rio)