
Fase 1 do projeto beneficiará conexão do Porto do Açu, no Norte Fluminense, ao Espírito Santo. Edital deve ser lançado no primeiro semestre de 2026
O Ministério dos Transportes prevê, para março de 2026, a publicação do edital do Anel Ferroviário do Sudeste (EF-118), que conectará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. De acordo com a Política Nacional de Concessões Ferroviárias, lançada pela pasta na semana passada, o leilão está previsto para junho do mesmo ano. A expectativa do governo é que a minuta do edital seja analisada e a modelagem seja aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ainda em 2025. O escopo do projeto EF-118 é destinado ao transporte de cargas entre portos, combinando trechos de novas construções (greenfield) com trechos existentes (brownfield). A duração das obras é estimada em quatro anos.
O empreendimento está dividido em duas fases, segundo o ministério. A primeira, obrigatória e com 245,9 quilômetros de extensão, corresponde à ligação São João da Barra (RJ) a Santa Leopoldina (ES). A fase 2 é a ligação Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, a São João da Barra (RJ), com 325 quilômetros de extensão, que será implantada como um investimento adicional. O projeto completo abriria possibilidade de conexão às malhas da Vale, no Espírito Santo (trecho 1), e da MRS, no Rio de Janeiro (trecho 2). Os investimentos estimados para a fase 1 são de R$ 6,6 bilhões, com 50 anos de prazo de concessão.

O traçado permitirá a integração da ferrovia ao Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense. O CEO da Prumo Logística, Rogério Zampronha, acredita que, após 12 anos, o projeto do tramo ferroviário está mais perto de se materializar, com potencial de aquecer a economia do norte fluminense e do estado do Rio de Janeiro como um todo. Ele considera que o impacto de atração de investimentos se dará já a partir do anúncio do edital.
“Isso vai dar uma dinâmica completamente diferente para nós, a partir do momento que houver o anúncio”, projetou, durante entrevista a jornalistas das áreas de infraestrutura e energia. Ele mencionou que mais de 20 empresas interessadas participaram das audiências e das discussões do projeto com a Infra S.A. Segundo Zampronha, foram empresas de capital de diferentes origens, desde Brasil e Estados Unidos, China e a países europeus.
O CEO do Porto do Açu, Eugenio Figueredo, acrescentou que o modelo que serviu de base no estudo da ferrovia compreende potencial de movimentação da ordem de 20 milhões de toneladas, com diversidade de produtos. A administração do porto enxerga potencial para cargas como minério, grãos e HBI — ‘hot briquetted iron’ ou ferro-esponja — matéria-prima para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica. O Porto do Açu tem um acordo firmado com a Vale, em setembro de 2023, para desenvolver a fabricação deste insumo.
Figueiredo disse que, na prática, o novo tramo vai conectar capacidade portuária adicional à malha ferroviária existente, reduzindo os gargalos de escoamento da produção do agronegócio do Centro-Oeste, que vem crescendo nos últimos anos. “Existem vários volumes dessas áreas que já são atendidas e que poderiam chegar à ferrovia, mas não são movimentados porque os portos que estão na ponta não têm mais capacidade de se expandir e movimentar mais carga”, analisou.
Fonte: Revista Portos e Navios