Inicialmente, a inspeção seria realizada em duas etapas, devido aos cortes orçamentários na ANP. No entanto, a Petrobras afirmou que a divisão da auditoria representa risco ao cronograma de produção do FPSO, com impacto na arrecadação de tributos e na geração de receita, entre outros argumentos

A diretoria da ANP aprovou, na quarta-feira (3), o pedido feito pela Petrobras para manter a auditoria prévia da P-79 em uma única etapa, a ser realizada no Estaleiro Hanwha, na cidade de Geoje, na Coreia do Sul, antes da chegada do FPSO na locação, no campo de Búzios.
Inicialmente, o Plano de Auditoria de Segurança, elaborado pela ANP em julho, previa que a inspeção seria realizada em duas etapas: a primeira in loco, na cidade de Geoge, com a unidade no estaleiro, durante os dias 15 a 20 de setembro deste ano, enquanto a segunda etapa seria realizada no campo de Búzios, entre os dias 9 e 13 de fevereiro de 2026.
A decisão inicial de separar a auditoria em duas estava relacionada às restrições orçamentárias impostas este ano à ANP. Com menos recursos, afirmou a agência, não seria viável dedicar às auditorias internacionais, neste momento, o mesmo número de servidores adotado nas últimas ações em estaleiro realizadas pela Superintendência de Segurança Operacional (SSO).
“Cumpre à Agência, além de estabelecer procedimentos isonômicos, ponderar que as limitações orçamentárias impõem o gerenciamento de recursos entre distintas atividades relevantes, que concorrem embora sejam igualmente essenciais”, continuou a ANP.
No entanto, a Petrobras afirmou, em documento enviado à ANP, que a realização integral da auditoria ainda em estaleiro é etapa crítica para garantir conformidade técnica e regulatória, permitindo correções tempestivas com uso da infraestrutura local.
A companhia também argumentou que a etapa em locação enfrenta restrições significativas de POB (People On Board), limitando o acesso da equipe técnica completa da Petrobras e das contratadas, e que a divisão da auditoria em duas etapas representa risco real ao cronograma de produção da P-79, com impacto direto na arrecadação de tributos e na geração de receita.
De acordo com a estatal, cada mês de atraso na produção da P-79 pode resultar em perda de aproximadamente R$ 260 milhões em receita e de R$ 100 milhões em arrecadação governamental, incluindo tributos, participações governamentais e parcela de óleo da União, de modo que esse impacto, segundo a Petrobras, seria desproporcional ao investimento necessário para viabilizar a auditoria antecipada.
A Diretoria 4 da ANP, liderada por Pietro Mendes, analisou o caso e solicitou informações da Superintendência de Gestão Financeira e Orçamentária (SFO) da ANP, para entender se haveriam recursos suficientes para a realização da auditoria em apenas uma etapa. Como não há mais vistorias previstas para ocorrerem neste ano, e considerando os pontos técnicos, operacionais, financeiros e institucionais analisados, Mendes entendeu “ser de grande importância a realização da auditoria em etapa única no estaleiro da P-79”.
“Conforme declarado pela Petrobras, experiências anteriores indicam que o tempo médio entre a resposta inicial aos condicionantes e a autorização final para operação é de aproximadamente 120 dias, podendo chegar a 190 dias em casos mais complexos. A divisão da auditoria em duas etapas representaria risco real ao cronograma de produção da P-79, com impacto direto na arrecadação de tributos e na geração de receita”, afirmou o diretor-relator do caso em seu parecer.
Desta forma, a auditoria da P-79 ocorrerá em etapa única no período de 15 a 20 de setembro de 2025, na cidade de Geoge, na Coreia do Sul, com a unidade no estaleiro. Os técnicos da ANP serão responsáveis pela verificação de conformidade do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO) do FPSO.
Acidente fatal
Um trabalhador da Petrobras sofreu um acidente durante as obras da P-79 e veio a óbito na noite de terça-feira (2), informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP) por comunicado. De acordo com informações da estatal, o petroleiro caiu no mar após uma estrutura colapsar durante um teste de carga do sistema de offloading. Ele foi resgatado e houve tentativa de reanimação, mas sem sucesso.
Trabalhadores de outras empresas também ficaram feridos. Ainda não há dados sobre o número de vítimas nem sobre o estado de saúde delas, explicou a entidade.
P-79 deve iniciar operação no início de 2026
De acordo com Magda Chambriard, presidente da Petrobras, a P-79 deve entrar em operação no início do ano que vem. A plataforma será a 8ª unidade a ser instalada no campo, que está localizado no pré-sal da Bacia de Santos.
Estima-se que a unidade deixe a Coreia em dezembro deste ano, iniciando uma viagem ao Brasil que deve durar cerca de três meses. Após a chegada na locação, mais dois meses até o primeiro óleo.
A P-79 terá capacidade para processar 180 mil bpd e processar 7,2 milhões de m³/dia de gás natural. Atualmente, seis FPSOs operam no campo de Búzios, e a Petrobras pretende instalar mais cinco unidades para operar no campo até 2027.
Fonte: Revista Brasil Energia