A intensificação da cooperação bilateral no setor de transporte marítimo foi tema de discussão entre Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e Ministério dos Transportes chinês, nesta segunda-feira. O diretor-geral, Fernando Fialho, e o diretor Tiago Lima, se reuniram com a comitiva do governo chinês, chefiada pelo vice-ministro dos Transportes, Xu Zuyuan, e com o chefe da Divisão de Negociações de Serviços do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, Luiz Cesar Gasser.
De acordo com Fialho, o governo brasileiro não coloca dificuldades para companhias de navegação chinesa operarem no País, afirmando que diversas empresas internacionais já operam na costa brasileira. Porém, ressaltou que elas devem constituir empresas no país e operar por meio delas, já que a legislação do Brasil restringe a navegação de cabotagem apenas às empresas de navegação brasileiras.
O diretor-geral acreditar que o comércio crescente entre Brasil e China deve ocorrer cada vez mais por meio do transporte marítimo, já que a pauta de produtos de ambos os países é bem diversificada. Além disso, lembrou que 99% das exportações e 90% das importações brasileiras, em toneladas, são feitas por meio dos portos. Fialho afirmou que o governo vem adotando políticas de atração de capital privado para expandir suas infraestruturas portuária e hidroviária, além de citar a SEP (Secretaria Especial de Portos), que investiu US$ 1 bilhão no programa de dragagem dos portos, no qual muitas empresas prestadoras de serviços eram chinesas.
O vice-ministro dos Transportes da China, Xu Zuyuan, disse que o objetivo da missão é fechar um novo acordo de cooperação na área do transporte marítimo. Ele afirma que o documento atualmente em vigor está desatualizado e que é necessário uma nova análise da cooperação na área do transporte marítimo. Para ele, os dois países já mudaram muito nessa área desde 1979, quando o acordo foi fechado, por isso o acordo também deve ser reavaliado.
Zuyuan lembrou que hoje a China é o maior parceiro comercial do Brasil e falou sobre a possibilidade de cooperação entre os dois países nas áreas de hidrovias, portos e terminais, segurança portuária e tecnologia de transporte marítimo. O vice ministro defendeu o contato direto entre as autoridades marítimas dos dois países para garantir o fechamento do novo acordo para agilizar as negociações.
O ministro Luiz Cesar Gasser também reforçou o interesse do Brasil na cooperação com os chineses, mas observou que os documentos ainda estão sendo analisados. Gasser afirmou que o sucesso das negociações também dependerá da discussão de temas multilaterais, como as emissões de CO2. A questão ambiental foi objeto de discussão recente na IMO (Organização Marítima Internacional). O Brasil é signatário da IMO e vê como essencial a participação dos chineses na contenção das emissões de gases do efeito estufa no transporte marítimo, afirmou Gasser.