Falar de cabotagem no Brasil chega a ser um martírio, pois vários projetos foram apresentados e não saíram do papel. Ano após ano, as rodovias ficam cada vez mais entupidas de caminhões e os defensores do uso de navios para o transporte interno de cargas parecem nadar contra a maré. Mas o diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Pedro Brito, entende que chegou a hora de transformar os projetos em
realidade.
Em visita ao Porto de Santos nesta quarta-feira (20), ele falou sobre o assunto e deixou claro que a Antaq pretende dar um jeito nesta situação. Informou que é um projeto da agência nacional discutir o quanto antes com a Secretaria de Portos (SEP) e com o Ministério dos Transportes um programa de incentivo à cabotagem. Todavia, Pedro Brito se recusou a dar prazos, talvez por estar calejado com tantas ideias que não foram para frente.
Mas, afinal de contas, como incentivar a cabotagem? O diretor da Antaq rejeitou a proposta de incentivos fiscais. Entende que os incentivos devam ser operacionais, para que os empresários possam finalmente deixar as rodovias de lado e apostar nos navios, que são menos poluentes e causam menos impacto ao meio ambiente.
“O que fizemos na SEP já se trata de um tipo de incentivo. É o aparelhamento dos portos brasileiros, com as dragagens que deram condição para que os grandes navios pudessem entrar e sair dos terminais. Só com a infraestrutura em dia que o empresário, o dono da carga pensará em tirar sua mercadoria de cima do caminhão e colocá-la em um navio.”
Brito classificou como absurda a situação que envolve o escoamento dos produtos que saem da Zona Franca de Manaus, no Amazonas. “Toda a produção vem via caminhão do Norte para o Sudeste e o Sul do Brasil. Isso é um absurdo. O dono da mercadoria precisa ter certeza de que ela chegará em tal data e horário no destino final. Quando isso ocorrer com a cabotagem, a mudança será natural.”