
Durante 18º Seminário Ecobrasil, gerente de meio ambiente da Antaq defendeu que transição energética exige abordagem integrada de portos e terminais
O gerente de meio ambiente e sustentabilidade da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Uirá Cavalcante, disse, nesta terça-feira (17), que a elaboração do inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) representa um passo crucial na jornada de descarbonização dos portos. Durante palestra no 18º Seminário Nacional sobre Indústria Marítima e Meio Ambiente (Ecobrasil), ele ressaltou que ainda existe uma lacuna significativa nesse sentido. Cavalcante defendeu que a descarbonização dos portos e terminais é uma necessidade que exige uma abordagem integrada.
No evento, ele destacou que foram alcançados alguns progressos em medidas como sistemas inteligentes, fornecimento de combustíveis, eficiência energética e geração de energia renovável. O gerente apontou ainda que medidas com alto potencial, como o sistema de fornecimento de energia proveniente de fontes renováveis para embarcações atracadas (OPS — onshore power supply) e as relacionadas ao hidrogênio de baixo carbono, apresentam desafios relevantes, incluindo a falta de aplicabilidade em muitas operações.
Cavalcante contou que os próximos passos da estratégia de descarbonização setorial incluem estudos para elaboração de inventários setoriais de emissões de GEE, incorporação de mais questões sobre descarbonização no formulário do IDA (Índice de Desempenho Ambiental) e desenvolvimento de trajetória de emissões setoriais com levantamento de projetos e construção da análise de custo-benefício.
No campo da regulação, Cavalcante destacou os processos em curso para a definição de mecanismos indutores para a implantação de sistemas OPS e para uma regulamentação que promova a utilização de combustíveis alternativos em embarcações, em articulação com o Ministério de Minas e Energia (MME). Outros passos importantes, segundo o gerente de meio ambiente e sustentabilidade da Antaq, abrangem programas de conscientização para a elaboração de inventários e estratégias de descarbonização, bem como a estruturação de um fórum nacional de discussão que articule as diversas redes que tratam da descarbonização.
Cavalcante também citou dados dos primeiros diagnósticos feitos pela agência. Os levantamentos apontaram que 81% dos portos públicos não possuem inventário de emissões de GEE, enquanto 65% dos terminais de uso privado (TUPs) possuem esse tipo de instrumento. Entre os desafios nestes casos estão a capacitação, coleta de dados, equipe insuficiente e falta de recursos financeiros.
Entre as instalações portuárias que já possuem inventário, o escopo 3 ainda é uma lacuna para 40% dos portos públicos e para 56% dos terminais privados. De acordo com a Antaq, 93% dos portos públicos não possuem metas de redução de emissões de GEE. No setor privado, esse percentual cai para 74%.
Fonte: Revista Portos e Navios