A Argentina deverá ser o primeiro país sul-americano a produzir gás de xisto em grande escala, de acordo com estudo da consultoria KPMG. Com reservas estimadas em 21 trilhões de m³ do energético, o país é apontado pela pesquisa como o único da região a estar pronto para dar início à produção comercial do chamado shale gas, a começar pela província de Neuquén, no sul argentino.
O estudo destaca que a expectativa da maioria dos executivos argentinos entrevistados acredita que o gás de xisto começará a ser produzido em escala comercial no perãodo de três a cinco anos, e que o governo do país está, aparentemente, apoiando o setor. “As estimativas de depósitos na região são tão significativas que o desenvolvimento do energético terá importante papel na economia do país”, registra o documento.
Em relação ao Brasil, o levantamento afirma que o país tem potencial para ser o segundo maior produtor depois dos Estados Unidos nas Américas, mas ressalta que tem havido pouco interesse e falta de investimento na exploração do recurso. Segundo a AIE, o Brasil aparece em 10° lugar entre os países produtores de shale gas no mundo com reservas estimadas de 6,3 trilhões de m³. Depois dele, aparecem apenas a Polônia e a França. Nas três primeiras posições estão a China (36,1 trilhões de m³), Estados Unidos (244,09 trilhões de m³) e Argentina (21 trilhões de m³). Segundo as previsões do Energy Information Administration (EIA) norte-americano, a produção de shale gas nos Estados Unidos irá quadruplicar entre 2009 e 2035.
“Alguns países, como a China, estão dispostos a promover a produção do shale gas, a fim de se tornar mais autossuficientes e para atender às demandas crescentes da energia. Na Argentina, ele vem sendo apontado como uma opção para reduzir os problemas de racionamento. Já no Brasil, a produção vem sendo na ordem de 14 mil toneladas por ano, em média, nos últimos 10 anos, demonstrando o baixo investimento na produção deste recurso”, analisa Manuel Fernandes, da KPMG.
Canadá
Dentre outros países do continente americano com potencial para desenvolver atividades de exploração e produção do hidrocarboneto estão México, Colômbia e Canadá. Com reservas estimadas de gás de xisto da ordem de 10,9 trilhões de m³, o país está seguindo os passos de seu vizinho norte-americano no desenvolvimento do recurso, principalmente pelo fato de que suas reservas de gás natural já começam a declinar, segundo o estudo.
Demandas e riscos
A pesquisa ainda elenca requisitos para o sucesso e fatores de risco para o crescimento do mercado de gás de xisto no mundo. Entre as demandas para o desenvolvimento do segmento, serão necessários novos investimentos em infraestrutura dutoviária para transporte do energético, bem como a criação de subsídios, regime regulatório e licenças governamentais para sua exploração. Já entre os riscos, a pesquisa aponta incertezas como a competição do insumo com fontes renováveis de energia por investimentos e a capacidade da indústria em gerenciar a reação da opinião pública, minimizando possíveis impactos ambientais.
Divulgado no início deste mês, o estudo Shale Gas – a Global perspective pode ser acessado ao endereço:
http://www.kpmg.com/Global/en/IssuesAndInsights/ArticlesPublications/Documents/shale-gas-global-perspective.pdf