Seis províncias argentinas decidiram anular contratos de exploração da espanhola Repsol-YPF, novo inimigo público da presidente Cristina Kirchner. O governo da província de Chubut, que foi um dos primeiros a aderir à ofensiva contra a principal companhia petrolífera com operações no país, ontem, foi ainda mais longe: Chubut anunciou o fim da concessão da jazida de Manantiales Behr, a mais importante da região.
A estratégia abre caminho para uma possível reestatização da YPF, que tinha sido privatizada durante o governo Carlos Menem. Os governos provinciais alegam falta de cumprimento dos contratos de exploração por parte da Repsol-YPF mas vários analistas acreditam que o governo Kirchner poderá aprovar, por lei ou decreto, a estatização de pelo menos 30% das ações da companhia.
Cristina está estudando várias propostas, entre elas, uma que prevê declarar a empresa como de interesse público, dando ao Estado o controle de até 35% de suas ações. Desde 2008, 25% do capital da YPF estão em poder do grupo argentino Petersen, um antigo aliado dos Kirchner. Outros 50% são da espanhola Repsol.
O restante está diluído no mercado. Além de Chubut, Rio Negro, Salta, Mendoza, Santa Cruz e Neuquén já tinham cancelado concessões da Repsol-YPF. Em todos os casos, os governos provinciais alegam falta de investimentos e queda da produção.
Os números em poder do governo Kirchner indicam que, entre 2002 e 2011, a produção de petróleo recuou de 43,9 milhões de metros cúbicos para 33 milhões (dos quais 35% são produzidos pela Repsol-YPF). Em discurso no mês passado, a presidente lamentou o fato de seu país ter desembolsado US$ 10 bilhões no ano passado para importar combustíveis.