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Clippings - 26/06/09

As amarras do porto de Itajaí

Lula volta a Itajaí para tratar de pesca, mas o porto, tema da última visita, ainda aguarda solução

ITAJAÍ – Na terceira passagem por Itajaí desde a enchente de novembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta hoje à cidade para oficializar a criação do Ministério da Pesca e sancionar nova legislação para o setor. Mas a plateia que irá ao Centro de Eventos de Itajaí também espera ouvir boas novas sobre outro tema: a reconstrução do Porto de Itajaí. Sete meses depois da catástrofe, o chão batido no cais indica que a obra do governo federal, iniciada em fevereiro, ainda não passou da fase de limpeza. A dragagem do Rio Itajaí-Açu, que custou R$ 26 milhões aos cofres federais e não ficou pronta, está sendo concluída com dinheiro privado.

No cais do porto, duas balsas trabalham para o governo federal na remoção dos últimos escombros da área atingida pela enchente. Mas as obras só irão evoluir quando a Secretaria Especial de Portos (SEP) deliberar sobre alterações feitas no projeto original da obra pelo consórcio contratado. O pedido de mudanças foi enviado há dois meses, segundo o consórcio TSCC, formado pelas empresas Triunfo, Serveng Civil San e Constremac.

Segundo o engenheiro responsável pela obra e gestor de contrato, Paulo Müller, uma sondagem mostrou que as estacas cravadas no cais do porto deverão ter 50 metros de profundidade, em vez dos 35 previstos pelo Porto de Itajaí logo após o desastre. A mudança eleva o custo do serviço de R$ 174 milhões para cerca de R$ 220 milhões. O tempo de execução aumentaria em cerca de dois meses, segundo o engenheiro.

Temos responsabilidade técnica e refizemos estudos de solo. Não podemos nos expor a uma falha que pode fazer o porto desabar de novo justificou Müller.

Em qualquer das hipóteses, o novo cais, com dois berços de atracação para navios, não estará pronto quando a catástrofe completar um ano.

Serão mais oito meses de obras, se houver a liberação do governo federal e se o solo não apresentar mais problemas informou o engenheiro.

O prefeito Jandir Bellini concorda que é difícil para o governo federal citar datas, mas admite a urgência da cidade, que sofre enquanto o porto opera parcialmente.

O governo federal tem cumprido os compromissos que assumiu, mas as obras estão muito lentas.

O ministro da Secretaria Especial de Portos do Governo Federal (SEP), Pedro Brito, disse ontem à noite que as alterações no projeto de reconstrução do cais do porto de Itajaí são consideradas necessárias, mas passam pela avaliação jurídica dos órgãos controladores do governo, como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

De acordo com a Lei de Licitações, não há autorização para alterar projetos como este, já contratados após uma concorrência. Encaminhamos a documentação e aguardamos um posionamento para que qualquer alteração ocorra à luz da legislação informou Brito.
O tamanho do prejuízo
42%
Foi a queda no volume de cargas armazenadas em contêineres movimentado pelo complexo portuário de Itajaí, de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo perãodo de 2008
77%
foi a queda de movimentação, só no cais do Porto de Itajaí e do terminal privado Teconvi, dentro do mesmo comparativo
660
vagas de emprego com carteira assinada foram fechadas em Itajaí, de dezembro de 2008 a abril de 2009, segundo o Ministério do Trabalho
10,7%
é a queda acumulada na arrecadação do município de Itajaí desde a enchente, de acordo com a prefeitura
R$ 600
é hoje, em média, a remuneração líquida de trabalhadores portuários avulsos de Itajaí, que não possuem carteira assinada, como os estivadores. A remuneração média era de R$ 4 mil, em outubro do ano passado