unitri

Filtrar Por:

< Voltar

Clippings - 14/07/09

Assinado acordo para gasoduto de € 8 bi da Ásia Central até a UE

A Turquia e quatro países da União Europeia (UE) assinaram ontem um acordo sobre o trajeto para um novo gasoduto, numa tentativa de reduzir a dependência europeia de gás russo. Para viabilizar o projeto, porém, ainda falta garantir o suprimento de gás com países do Mar Cáspio e, talvez, com o Iraque.

O projetado duto de 3,3 mil quilômetros deverá partir do Mar Cáspio, atravessar a Turquia e chegar à Áustria. O projeto deve custar cerca de € 8 bilhões (US$ 10,26 bilhões), segundo dados da UE.

O projeto Nabucco não tem condições de eliminar totalmente a dependência europeia de exportações russas. Os europeus, na verdade, poderão até precisar de suprimento da Rússia para preencher a capacidade total de 31 bilhões de metros cúbicos do gasoduto (veja mapa ao lado).

Os premiês de Turquia, Áustria, Bulgária, Romênia e Hungria assinaram um acordo que permitirá ao gasoduto cruzar seus países, interligando a Europa a depósitos de gás na Ásia Central e no Oriente Médio. O projeto é conduzido por um consórcio com sede em Viena

O principal desafio do Nabucco é garantir o gás a ser transportado. Os contratos de fornecimento ainda estão sendo negociados. E há ceticismo entre analistas do setor.

O acordo em si não é grande coisa. Ele não esclarece as questões de suprimento [do gás], dos diferentes ramais e de prazos. E evita tocar em pontos politicamente sensíveis, disse Ana Jelenkovic, da consultoria Eurasia Group. Os problemas que inviabilizavam o Nabucco continuam sem ser resolvidos.

Iraque, Egito e Síria declararam-se ontem dispostos a contribuir com seu gás, fazendo eco ao mesmo compromisso anunciado pelo Turcomenistão na na sexta-feira. O Azerbaijão – um dos mais prováveis fornecedores do gás – disse estar dando prioridade ao projeto.

O gasoduto Nabucco trará segurança energética à Turquia, ao sudeste europeu e à Europa Central. O Nabucco é, portanto, um projeto efetivamente europeu, disse o presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Barroso. A Turquia e a UE passaram a atacar, em conjunto, um problema coletivo: a segurança e a diversificação de suas fontes energéticas.

A Rússia provê mais de 25% do gás consumido pela Europa, e 80% desse volume é transportado através de gasodutos ucranianos. Ao diversificar as importações e redirecionar parte do suprimento russo para o Nabucco, a UE poderia evitar uma repetição da crise de janeiro, quando o fornecimento de gás foi repentinamente suspenso devido a uma disputa sobre preços entre Ucrânia e Rússia.

Ainda assim, o impacto do Nabucco provavelmente será pequeno, pois o volume de gás que poderá transportar não será superior a 5% do consumo total europeu.

Os EUA, que apoiam o projeto ao lado da UE, disseram não se opor à participação dos russos, mas argumentam que o Irí deve ser excluído até que melhore seu relacionamento com o Ocidente. Washington disse que o gasoduto deve ajudar a revigorar a Europa e fortalecer os aliados americanos.

O gasoduto não apenas tornaria a Turquia uma rota energética alternativa entre Ásia Central e Oriente Médio e a Europa, mas poderia, em princípio, melhorar o poder de barganha turco em seu empenho por vencer a resistência da UE a permitir que os turcos entrem para o bloco.

Acredito que com a chegada dos primeiros suprimentos de gás – e alguns especialistas têm dito que isso poderá acontecer já em 2014 – esse acordo abrirá as portas para uma nova era entre a UE e a Turquia, disse Barroso.

Moscou, por sua vez, está muito empenhada em viabilizar gasodutos até a Europa para o transporte do próprio gás russo: O denominado Nord Stream, através do mar Báltico até a Alemanha, e o South Stream, através da Bulgária.
(Com informações Valor Econômico)