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EPE projeta que adoção de teores mais altos de biodiesel se dará rapidamente no transporte de longo curso e em taxas diferentes para navegação interior e para cabotagem
A Empresa de Pesquisa Energética avalia que o biodiesel ocupará papel importante numa primeira fase de descarbonização e que a capacidade de produção e características do biodiesel devem ser aproveitadas. Na visão do Plano Decenal de Energia da EPE, a adoção de teores de biodiesel se dará rapidamente no transporte marítimo de longo curso e em taxas diferentes para navegação interior e para cabotagem. A empresa entende que, para o cenário brasileiro, combustíveis como amônia e hidrogênio EPE só serão introduzidos de fato a partir de 2034
“Num panorama de 10 anos, começamos a discussão de longo prazo do plano nacional de energia, com cenários diferentes de atingimento das metas climáticas. Nos 10 anos seguintes, após 2034, teremos a entrada de combustíveis alternativos um pouco maior”, analisou a consultora técnica da EPE, Patricia Stelling, na última semana, durante o Seminário Brasil x Noruega, promovido pela FGV Direito Rio, em colaboração com a Abran e o Real Consulado Geral da Noruega, no Rio de Janeiro (RJ).
Na visão da EPE, a neutralidade tecnológica é importante porque existe a possibilidade do uso de diversas tecnologias, sendo menos arriscado do que colocar fichas somente num único combustível. A empresa considera que existe a necessidade de desenvolvimento tecnológico para obtenção desses combustíveis e que o incentivo governamental é importante para alcançar esse objetivo.
Patrícia observa, nos últimos anos, a questão dos combustíveis marítimos sendo tratada em grupos técnicos (GTs) específicos dentro da política do programa Combustível do Futuro. Ela mencionou sobre uma resolução de 2010 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que criou um GT para discussão dos combustíveis marítimos, considerando o contexto de transição. “Esse é o tipo de trabalho que conversa com todas outras políticas, incluindo: plano clima, plano de transição energética, taxonomia (…). Todos planos do governo relacionados à sustentabilidade de transição justa também incorporam a questão do combustível marítimo na discussão”, destacou.
A avaliação da EPE é que o Brasil é um agente importante na questão dos biocombustíveis por seu potencial e pela diversidade de fontes disponíveis em sua matriz energética, podendo contribuir com o fornecimento de combustíveis marítimos rumo à descarbonização. A empresa estima um aumento da demanda, saindo de 4,1 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) para 5,7 milhões de tep. A EPE acredita no crescimento do teor de biodiesel em 2034 com a entrada de combustíveis alternativos.
“Percebemos em 2034 o biodiesel alcançando em torno de 5% em termos de energia, o metanol em torno de 2% e a amônia em torno de 1%. As perspectivas para uso de combustíveis marítimos são de menor emissão para os próximos 10 anos, o que representaria em torno de 1,5 bilhões de litros de biodiesel em 2034 que poderiam ser utilizados no transporte marítimo”, projetou Patrícia.
Fonte: Revista Portos e Navios