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Clippings - 12/01/12

BNDES oferece R$ 4 bi de crédito para aumentar produção de etanol

Preocupado com o descasamento entre a oferta e o consumo de álcool combustível no País, o governo lançou ontem um programa para incentivar o suprimento do produto.

Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi criada uma linha especial de crédito, com orçamento de R$ 4 bilhões, que vigorará até 31 de dezembro deste ano, pela qual o banco de fomento vai ofertar, de forma inédita, financiamento agrícola.

Batizada de Prorenova, a linha pretende financiar e ampliar em 1 milhão de hectares a área plantada de cana-de-açúcar e trazer de volta o preço do álcool anidro a patamares competitivos com os da gasolina.

De acordo com levantamento feito este mês pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), apenas em Goiás é mais vantajoso abastecer com álcool, vendido nos postos da região por R$ 1,994 o litro, do que com gasolina (R$ 2,853 o litro). O preço do álcool só é mais competitivo se não ultrapassar 70% do preço da gasolina.

Aumento de produção. Os efeitos do programa no aumento da produção de cana, porém, só deverão ocorrer no longo prazo. O BNDES prevê volume adicional de etanol de 2 bilhões a 4 bilhões de litros entre 2013 e 2014. Mas, o setor sucroalcooleiro estima que o programa deveria durar, pelo menos, três anos para eliminar os cerca de 150 milhões toneladas de capacidade ociosa.

Adversidades climáticas e a falta de investimentos provocadas pela crise de 2008 levaram a uma quebra na produção de cana, principalmente no Centro-Sul brasileiro, que saiu de uma produção de quase 600 milhões para 490 milhões de toneladas.

O gerente setorial do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Arthur Milanez, diz que o programa deve influenciar mais o mercado de etanol do que o de açúcar e reduzir desequilíbrios no preço do etanol no mercado doméstico. O açúcar é um preço internacional com variáveis que fogem ao alcance de um programa como este. O preço do etanol tem mais a ver com mercado doméstico, afirmou.

Jacyr Costa Filho, presidente do grupo sucroalcooleiro Guarani, diz que a iniciativa é positiva, embora em termos de custo os juros ainda tenham ficado um pouco acima do esperado pelo mercado. A taxa de juros da linha é de 1,3% mais TJLP (6%), mais 1,3% de taxa de remuneração e 0,5% de custo fixo, o que dá um total de 7,8% ao ano. Além desse juro, o sistema bancário também cobrará um spread, que poderá elevar o custo do dinheiro para perto de 10% ao ano.

A expectativa é que só as grandes e médias empresas consigam recursos. Infelizmente, os recursos não estarão disponíveis para todos. Mas o dinheiro será importante para ajudar as empresas saudáveis a voltar a operar sua capacidade industrial e ter uma boa performance financeira, diz Plínio Nastari, da Datagro Consultoria.

Ele calcula que os R$ 4 bilhões do BNDES vão ajudar as empresas do setor a renovar suas lavouras e reduzir a idade média do canavial, hoje em 3,8 anos. A idade ideal é de 2,7 anos para garantir uma boa produtividade, afirma. Mas adverte que as empresas que não tiverem acesso aos recursos continuarão com sua produtividade baixa.

Para o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, o programa garantiria a renovação de cerca de dois terços da necessidade anual dos canaviais. É uma grande ajuda, mas não será suficiente para que a capacidade da indústria seja totalmente abastecida.