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Clippings - 12/11/09

Bolsa quer fim da obrigação de estrangeiro fechar câmbio

São PAULO – Tentando evitar uma migração de investidores a ações brasileiras negociadas no exterior (ADRs), a BM&F Bovespa quer propor uma alternativa à cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre recursos vindos de fora do País. Segundo Carlos Kawall, diretor executivo Financeiro, Corporativo e de Relações com Investidores da companhia, o ideal seria usar outras formas de diminuir o impacto, no câmbio, da forte entrada de dólares no Brasil por meio da Bolsa. Estamos discutindo a possibilidade de que o investidor não tenha de fechar a operação de câmbio para fazer seus negócios aqui, revela.

A medida evitaria que os investidores tivessem de fazer a troca de moeda ao entrar no mercado, o que diminuiria a circulação de dólar no Brasil. Kawall afirma estar otimista em relação aos resultados do diálogo que a Bolsa vem tendo com o Ministério da Fazenda. Não acredito que em algum momento se tenha pensado em prejudicar o mercado de capitais brasileiro. Acho que a Bolsa é parte fundamental nesse processo, inclusive para diminuir a dependência dos investidores estrangeiros e aumentar a participação das pessoas físicas, afirmou.

Mesmo assim, a BM&F Bovespa quer buscar mais investidores no exterior. Além das parcerias com as bolsas de Chile e Colômbia, que, segundo Kawall, devem ser finalizadas até o próximo ano, a Bolsa está de olho em outros mercados. Ainda não temos nada concreto, mas, em um futuro próximo, vamos buscar uma parceria com as bolsas asiáticas. É um movimento natural de qualquer empresa que queira crescer, disse. Atualmente, a BM&F Bovespa tem um escritório em Xangai, na China.

No mercado local, Kawall espera que o volume financeiro total das ofertas de ações realizadas no Brasil em 2009 fique em torno de R$ 50 bilhões. As ofertas já realizadas somam R$ 41,1 bilhões e as estimativas das que estão programadas chegam a R$ 8 bilhões, disse o executivo, em teleconferência com a imprensa. Há oito ofertas programadas, das quais cinco são ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) -Direcional Engenharia, Brazilian FR, Aliansce, Fleury e IMC- e três são follow-on – Marfrig, EDP e Anhanguera Educacional.

Para Kawall, o mercado ainda tem muito o que se desenvolver no Brasil. Ele cita o exemplo das parcerias que a Bolsa já fechou com a Chicago Mercantile Exchange (CME), e que está próxima de fechar com a Nasdaq, ambas dos EUA. Ainda temos um fluxo muito maior de investimentos feitos por americanos em ativos brasileiros, por meio dos serviços oferecidos pela parceria, do que o fluxo contrário, revela. Com uma maior atuação dos investidores brasileiros no mercado de derivativos, como os oferecidos pela BM&F e pela CME, a Bolsa poderia aumentar a participação do segmento de mercadorias e futuros no seu resultado. No terceiro trimestre, 31% das receitas saíram das negociações na BM&F, enquanto a Bovespa tem participação de 52%.

Kawall também negou que a parceria com a Nasdaq, que deve ser fechada até o fim do ano, possa provocar um aumento das taxas cobradas das corretoras. Seria um tiro no pé, com a concorrência tão acirrada com outros mercados. Não há intenção de aumentar qualquer taxa, e a parceria tem como único objetivo de disponibilizar mais serviços às corretoras e aos investidores, afirma.

Números animadores

Apesar dos problemas trazidos pelos resquícios da crise, a BM&F Bovespa apresentou crescimento do lucro líquido no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo perãodo do ano passado. O resultado contábil foi de R$ 245,8 milhões entre julho e setembro, contra R$ 235,6 milhões em 2008, um avanço de 4,3%.

Já o lucro ajustado, que não leva em conta despesas extraordinárias com amortização de ágio pela fusão das Bolsas, e um programa de opções de ações aos funcionário, foi de R$ 337,3 milhões, uma alta de 6,8% em relação ao mesmo perãodo do ano passado. Já o lucro líquido ajustado acumulado entre janeiro e setembro deste ano foi de R$ 908,4 milhões, contra R$ 764,9 milhões no mesmo perãodo do ano passado, um avanço de 18,8%.

Para o próximo ano Kawall evitou fazer projeções. A única previsão feita foi em relação ao número de funcionários da companhia. Segundo Kawall, o processo de corte de pessoal que foi parte da fusão entre as duas Bolsas já terminou. Nós tínhamos 1,5 mil funcionários quando começamos a atuar em operação única. Hoje, já chegamos ao patamar a que desejavámos, que era em torno de mil. Acredito que, no próximo ano, teremos mais contratações do que demissões. As despesas com pessoal da Bolsa caíram drasticamente este ano, passando de R$ 85,5 milhões no primeiro trimestre para R$ 63,9 milhões no terceiro trimestre. O número de funcionários atualmente empregados pela BM&F Bovespa é de 1.064.