São PAULO – Pela primeira vez no ano, as exportações cresceram mais do que as importações. Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que na comparação pela média diária, em relação a outubro do ano passado, as exportações (média diária de US$ 670,6 milhões) aumentaram 37,1% e as importações (média diária de US$ 607,9 milhões), 35,9%. A média, por dia útil, do saldo comercial cresceu 47,9% frente ao mesmo perãodo do ano passado (média diária de US$ 62,7 milhões).
As exportações no mês chegaram a US$ 18,381 bilhões (média diária de US$ 919,1 milhões) e as importações a US$ 16,527 bilhões (média diária de US$ 826,4 milhões). A corrente de comércio (soma das operações) alcançou US$ 34,908 bilhões (média diária de US$ 1,745 bilhão) e houve um superávit (diferença entre exportações e importações) de US$ 1,854 bilhão (média diária de US$ 92,7 milhões).
De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Mdic, Welber Barral, o crescimento das exportações, em outubro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2009, se deve, principalmente, ao crescimento do preço de produtos básicos (minério de ferro, celulose, milho, açúcar e farelo de soja, entre outros), cujas vendas externas avançaram 58% – maior variação de todas categorias.
Nos dez primeiros meses de 2010, a balança comercial brasileira aponta queda de 35% no saldo comercial. Este fator, segundo empresários deve-se a perda de competitividade da indústria brasileira. As importações na comparação com o mesmo perãodo de 2009 avançaram 43,8% enquanto as exportações tiveram uma alta de 29,7%.
Para sermos competitivos no mercado internacional precisamos acelerar o retorno de crédito aos exportadores, eliminar tributos e diminuir custos com a exportação e incentivar a exportação de bens de consumo. Precisamos também investir nos portos do Brasil, pois a dragagem é fundamental, haja vista que este é o principal gargalo do Brasil, onde temos custos logísticos elevadíssimos, pontuou o presidente da Associação das Empresas de Comércio Internacional (AECI), Paulo Camurugi. Temos a questão da logística, na qual há uma sobrecarga. Há a questão tributária [pagamento de créditos de exportações], que precisa ser resolvida. Para mantermos a exportação, precisamos aumentar a competitividade, inclusive câmbio, mas não exclusivamente, disse Barral.
O dólar barato e o crescimento do emprego e da renda, junto com a elevação dos investimentos, segundo economistas, são o combustível para o forte crescimento das importações no Brasil em 2010. Com o dólar em um nível considerado baixo, as compras do exterior ficam mais baratas, enquanto as exportações brasileiras se tornam mais caras.
O Brasil, entretanto, também está acompanhado de outros países emergentes quando se avalia a expansão das importações. De janeiro a outubro, as compras do exterior brasileiras avançaram 43,8%, contra 33,1% da Coreia do Sul. Até setembro, as importações brasileiras haviam subido 45,8%, enquanto que, no caso da China, cresceram 42,7%, e, quando se fala da Índia, avançaram 40,3%.
Nossas importações estão altas, mas não da para deixar de observar que o resto do mundo também teve um aumento importante derivado da base mais baixa em 2008 e 2009. São países que têm o mesmo nível de desenvolvimento (emergentes) e são competidores do Brasil. A Europa os Estados Unidos estão importando menos. No mundo como um todo, os países em desenvolvimento estão crescendo mais do que desenvolvidos. Na Ásia, houve maior aumento de importações do mundo, declarou Barral.
Para os próximos meses, porém, Barral disse que deve haver uma pequena queda das exportações por conta do fim de ano, quando normalmente as vendas externas normalmente recuam. Deve ter uma acomodação no fim do ano, mas menos do que em 2008, afirmou ele. Na comparação com o final de 2009, porém, as vendas devem continuar avançando, acrescentou.
É um momento favorável para refletir-se sobre o crescimento da corrente de comércio internacional, pois temos previsão de crescimento de 7,5% este ano, a inflação sob controle e muitas oportunidades de investimentos, como pré-sal, as obras do PAC e os grandes eventos esportivos que se aproximam: a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, disse Camurugi.