São PAULO – Empresários japoneses contradizem ponto de vista de investidores chilenos e elevam a busca por meios de investir no Brasil. De acordo com o BNP Paribas, o número do valor aplicado no mercado financeiro brasileiro por japoneses cresceu 11% de dezembro de 2009 para junho deste ano.
O número de empresários que tem investido no Brasil é crescente, em virtude da alta da Selic – taxa de juros – e a constante busca por investimento dos japoneses que possuem um alto nível de poupança e tem que buscar diversificar seu foco de aplicações, argumenta Renata Thompson, responsável pelos clientes off-shore do BNP Paribas.
Outro motivo para atrairmos investidores japoneses é o destaque do Brasil frente ao mundo, após a crise financeira mundial, acrescentou Rafael Bardella.
Dentre os fundos mais procurados atualmente estão os que possuem carteiras de investimentos em setores de consumo, com ações de empresas como Natura, Lojas Renner, Lojas Americanas, Submarino e JBS. Recentemente fizemos um fundo 100% dedicado a este setor, é uma carteira mais restrita, pois visa atender a demanda japonesa, frisa Thompson.
Ainda com foco nos investimentos no Brasil, em setores como logística, tecnologia, hotelaria e também em obras públicas, como drenagem e estrutura viária, uma comitiva de empresários japoneses esteve na fábrica da Volkswagen em São Bernardo, como parte de um roteiro no País para identificar perspectivas de negócios e investimentos no mercado brasileiro.
O grupo, formado por 14 empresários, já havia participado de seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de simpósio da Câmara de Comércio do Japão no Brasil, que envolveu 300 companhias japonesas. Nós temos mercado, mas no Brasil está muito difícil de investir, pois os impostos estão muito altos em cima da produção, mão de obra e importação de máquinas, além de financiamentos. Precisamos de uma política industrial que facilite a entrada de investimentos, o que nos salva atualmente são as commodities que exportamos, fora isso o País está muito ruim, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Roberto Segatto.
Acordos
O Chile e o Brasil estão trabalhando para assinar um acordo de investimentos bilateral, segundo informou o diretor-geral chileno de Relações Econômicas Internacionais, Jorge Bunster, citado pela agência de notícias chilena Valor Futuro.
Nos últimos 15 anos, o Chile já assinou mais de 50 acordos comerciais com a maioria dos países da América Latina, EUA, Canadá, União Europeia e gigantes asiáticos, como a China, Japão e Coreia do Sul. Entretanto, até agora o país não tem nenhum acordo desse tipo com o Brasil, que está entusiasmado com a possibilidade, disse Bunster.
Bunster, falou sobre o tema ao entregar uma avaliação dos 20 tratados comerciais vigentes atualmente com 57 nações, e os países com os quais gostaríamos de negociar.
Os setores melhores seriam construção civil, transporte, infraestrutura, logística. Temos condições de atrair investimentos em todas as áreas, mas precisamos criar condições de concorrência, pois temos mercado interno, e pouco mercado externo, pontua Segatto.
O Brasil tem uma população de quase 200 milhões de habitantes com um ingresso per capita de US$ 10 mil. Nosso comércio é importante: US$ 2,5 bilhões em exportações e US$ 2,8 bilhões de importações, indicou ele.
Bunster acrescentou que a nação governada por Luiz Inácio Lula da Silva estava crescendo 4,5% antes da crise, mas é um país muito fechado.
Aumento da procura de investidores japoneses por investimentos em empresas e ativos brasileiros pode se transformar em um instrumento de aproximação comercial.