
O Brasil detém um potencial técnico eólico offshore de mais de 1.200 GW e – com estratégia e políticas eólicas offshore, regulamentações de licenciamento, atualizações de rede e portos em vigor – poderia instalar até 96 GW de capacidade de geração até 2050, de acordo com um estudo divulgado pelo Grupo Banco Mundial.
O estudo, conduzido pela DNV, cita estimativas do Banco Mundial publicadas em 2020 , que mostram que o Brasil tem 1.228 GW de potencial eólico offshore para explorar, incluindo 480 GW por meio de fundo fixo (em profundidades de água menores que 70 metros) e 748 GW por meio de tecnologia eólica flutuante (em profundidades de água de 70 metros a um quilômetro).
Com base nisso, o relatório “Cenários para o Desenvolvimento Eólico Offshore no Brasil” traz três cenários que mostram que, mesmo com o caso base, o Brasil tem oportunidade de instalar 16 GW até 2050, o que representa 3% da capacidade de geração do país.
O cenário de crescimento intermediário prevê 32 GW de capacidade eólica offshore instalada até 2050 e, de acordo com o cenário ambicioso, o país poderia construir até 96 GW de parques eólicos offshore até 2050 – se uma estratégia energética clara, investimentos significativos em infraestrutura e ações rápidas para aproveitar o crescente interesse pela energia eólica offshore no Brasil forem tomadas.
A energia eólica offshore pode dar suporte às metas de hidrogênio verde do Brasil, impulsionar o crescimento econômico e potencialmente criar até 516.000 empregos equivalentes em tempo integral (FTE) e contribuir com US$ 168 bilhões (aproximadamente EUR 154 bilhões) em valor agregado bruto nacional no terceiro e ambicioso cenário.
Entre os desafios para cumprir esses cenários, o relatório destaca que, como a energia eólica offshore tem custos iniciais mais altos, o Brasil precisaria explorar opções de financiamento e também garantir que os direitos iniciais do leito marinho sejam alocados principalmente com base em critérios qualitativos e não baseados em preço.
Atualizações de transmissão e flexibilidade de rede para integrar a energia eólica offshore efetivamente ao mix de energia também exigiriam investimentos substanciais. Atualizações também são necessárias em portos regionais e na infraestrutura de logística, e a cadeia de suprimentos precisa ser desenvolvida para dar suporte à produção de grandes componentes, tudo isso aumenta os custos gerais.
Além disso, são necessárias políticas de licenciamento claras, pois considerações ambientais e sociais exigem planejamento meticuloso e consultas à comunidade.
“Seja qual for o curso que os formuladores de políticas e as partes interessadas escolherem traçar, eles devem agir rapidamente para capitalizar o interesse atual, particularmente em meio ao entusiasmo decrescente dos investidores por mercados emergentes. Atualizações em redes de transmissão, infraestrutura portuária e capacidades de fabricação, juntamente com mapeamento de sensibilidade ambiental e social – todos pré-requisitos para o desenvolvimento eólico offshore –, têm cronogramas longos. Fornecer um caminho claro de entrada no mercado, incluindo exclusividade do leito marinho e acordos de compra em leilões eólicos offshore iniciais, é essencial”, afirmou a DNV em um comunicado à imprensa emitido em 18 de julho.
A DNV e o Banco Mundial prepararam o estudo em colaboração com o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para fornecer uma análise completa para formuladores de políticas e partes interessadas.
No ano passado, o Ministério e a EPE publicaram uma nova versão do roteiro eólico offshore do Brasil após a atualização do marco regulatório para geração de energia.
O novo roteiro da energia eólica offshore inclui considerações sobre a atribuição de áreas federais para o desenvolvimento eólico offshore de acordo com a lei brasileira sobre regularização, administração, arrendamento e alienação de áreas.
Fonte: Revista Brasil Energia