As privatizações de Portugal continuam a mobilizar companhias brasileiras. Após a Camargo Corrêa adquirir 94% da cimenteira Cimpor em julho, Andrade Gutierrez e Synergy Group, do empresário Germán Efromovich, entraram na briga para levar o estaleiro português Viana do Castelo, localizado ao norte do Porto.
A empresa estatal foi colocada à venda pelo governo após este ter aceitado o plano de reestruturação da dívida soberana. Com prejuízos de € 21 milhões (cerca de R$ 52 milhões), registrados no último ano, especialistas do setor não veem com bons olhos a aquisição do estaleiro. No entanto, a expertise militar do fabricante português atraiu as companhias brasileiras.
A empresa estatal possui tecnologia certificada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e é considerada um trunfo quando for colocado em prática o plano de reequipamento militar do Brasil.
A reestruturação da defesa nacional é uma exigência de algumas nações para que participem da Copa do Mundo e da Olimpíada, a serem realizadas em 2014 e 2016, respectivamente.
Entre as empresas tupiniquins que brigam pela portuguesa, apenas a Andrade Gutierrez possui seu braço no setor de defesa. A Synergy Group já é a controladora de dois grandes estaleiros brasileiros, o Mauá e o Ilha.
As duas companhias não se pronunciaram sobre suas estratégias de aquisição. Outra empresa que estava cotada para entrar na concorrência era a Odebrecht, por meio da Odebrecht Defence. Porém, por meio de sua assessoria institucional, negou a informação.