Divulgação Braskem
Com outorga de EBN e gestão própria da logística marítima, empresa do segmento petroquímico espera economia anual de R$ 10 milhões
A Braskem iniciou operações próprias de cabotagem e prevê o aumento de frota nos próximos dois anos. A empresa do segmento petroquímico estima uma economia de aproximadamente R$ 10 milhões por ano com as operações marítimas. A primeira operação própria ocorreu no último dia 27 de setembro, na rota entre os portos de Aratu (BA) e do Rio de Janeiro (RJ). O navio Costa do Futuro, com capacidade para 4.900 toneladas, transportou propeno. Neste primeiro navio, a Braskem possui contrato com a Vships, que é responsável pela gestão da tripulação e gestão técnica da embarcação. Já a gestão náutica, é totalmente realizado por equipe própria da Braskem.
A empresa destacou que a operação inaugural ocorreu dois meses após a obtenção da outorga como empresa brasileira de navegação (EBN) junto à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A Braskem, apontada como maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, pretende melhorar a competitividade no mercado e solucionar gargalos logísticos. O grupo possui portfólio de resinas plásticas e produtos químicos para diversos segmentos, como embalagens alimentícias, construção civil, industrial, automotivo, agronegócio, saúde e higiene, entre outras áreas. A companhia hoje exporta para clientes em mais de 70 países e conta com 40 unidades industriais no Brasil, EUA, México e Alemanha.
“Há mais de quatro anos, planejávamos ter nossa própria gestão de cabotagem. Com isso, vamos aumentar a nossa eficiência logística, área estratégica para o negócio, além de diminuir a emissão de gases do efeito estufa no meio ambiente, conquistando uma operação cada vez mais eficiente e sustentável”, afirmou o gerente de logística da Braskem, Eduardo Ivo Cavalcanti.
Cavalcanti ressaltou que a Braskem só conseguiu se tornar uma EBN após a flexibilização das regras de afretamento de embarcações, a partir da criação do programa de estímulo ao transporte por cabotagem (BR do Mar). Antes de se tornar uma EBN, a Braskem utilizava uma embarcação com tripulação estrangeira. Com isso, a cada três meses, era preciso que o navio saísse do Brasil para realizar a renovação do visto, obrigatória para embarcações internacionais. “A lei acabou com a necessidade de comprovar a posse de embarcações brasileiras, como exigia a legislação anterior”, explicou.
Com a operação própria de cabotagem, a Braskem pode afretar ou ter propriedade dos navios, com tripulação contratada para realizar o transporte marítimo de produtos. A empresa projeta um impacto de geração de renda local, já que a tripulação contratada é toda composta por brasileiros — duas turmas de 16 pessoas. A companhia também estima reduzir, com o primeiro navio, a emissão de 1.800 toneladas de CO2, por meio de otimização no tempo de ociosidade.
A Braskem encomendou quatro navios, com entregas até 2026. Para 2025, a empresa espera a entrega de um navio em janeiro e outro em março. Há previsão de outras duas embarcações no ano seguinte. A empresa informou que, desde a outorga para operar como EBN, já iniciou os estudos para construção de navios para cabotagem brasileira, com horizonte de três anos para projeto e construção. A estratégia é que os navios próprios ampliem a vantagem comercial nos próximos anos. “É algo que nos torna um player no transporte marítimo brasileiro e mundial, permitindo que ofereçamos serviços para companhias terceiras”, destaca Cavalcanti.
Os dois primeiros navios que serão entregues no ano que vem são embarcações gaseiras de médio porte que a Braskem planeja usar no trading internacional de etano – inicialmente para o suprimento de matéria-prima da planta da empresa no México. Os outros dois navios, também já encomendados, serão destinados ao trading internacional de nafta – a princípio para o fornecimento de matéria-prima para as plantas do grupo no Brasil. A Braskem tem, em fase inicial, estudos de viabilidade, tanto para cabotagem, quanto para a operação fluvial da companhia no Rio Grande do Sul.
Neste primeiro momento, a empresa considera o Costa do Futuro na operação e tem avaliações internas sobre ampliação da frota. As quatro embarcações serão construídas em estaleiros no exterior. “Para os navios em construção, ou os já encomendados, a escolha foi por estaleiros no exterior. Para a cabotagem, ainda estamos em avaliações iniciais e, por isso, não existe uma definição”, disse Cavalcanti à Portos e Navios.
O crescimento da frota de cabotagem no Brasil e aquecimento de outros segmentos da navegação trouxeram dificuldades para a empresa compor a tripulação para a operação marítima. Segundo Cavalcanti, esse foi um dos desafios para o início desse projeto. “Neste início das operações, teremos tal serviço terceirizado, mas acompanharemos de perto a busca e o processo de contratação. Claramente existe no Brasil uma disparidade entre a disponibilidade de profissionais e o crescimento da indústria marítima. E isso é um gargalo importante a ser resolvido”, disse o gerente.
Para a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), o crescimento do modal e a entrada de novos players no mercado está mais ligado a iniciativas do setor privado em busca de soluções logísticas para seus negócios do que propriamente à lei 14.301/2022 (BR do Mar), que aguarda regulamentação. “Se houver carga, as empresas vão investir. Elas têm apetite para investir, o que é bom para cabotagem. É preciso segurança e estabilidade”, comentou o diretor executivo da Abac, Luis Fernando Resano, à reportagem.
Nota da redação: Matéria atualizada para acréscimo de informações.
Fonte: Revista Portos e Navios