Negócio de US$ 65 milhões inclui a metade das Unidades de Processamento e Gás Natural (UPGN) II e III, do gasoduto de escoamento Livramento/Guamaré e das esferas de Gás Natural Liquefeito (GNL)

A Brava Energia comunicou ao mercado na noite de quinta-feira (5) a venda para a PetroReconcavo de 50% da sua infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural localizada no Ativo Industrial de Guamaré, na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. O negócio de US$ 65 milhões (cerca de R$ 363 milhões) inclui a metade das Unidades de Processamento e Gás Natural (UPGN) II e III, do gasoduto de escoamento Livramento/Guamaré e das esferas de Gás Natural Liquefeito (GNL), mas ainda precisa de aprovação do Cade.
Segundo fatos relevantes protocolados na CVM pela Brava e pela PetroReconcavo, o valor da transação será pago de forma parcelada, sendo 10% pagos na data de assinatura do contrato, 25% a serem pagos em até 10 dias úteis contados da aprovação da transação pelo Cade, 50% no closing da transação, contingente à conclusão de condições precedentes e 15% restantes de forma fracionada, de acordo com etapas do processo de transferência imobiliária.
Em dezembro do ano passado, a Brava e a PetroReconcavo assinaram acordo de parceria vinculante para que a PetroReconcavo adquirisse 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás na Bacia Potiguar, além do compromisso de suprimento de gás entre as empresas.
De acordo com o comunicado da Brava, o contrato assinado entre as duas empresas prevê o estabelecimento de comitês operacionais com membros de ambas as companhias, sendo a Brava a operadora do consórcio; o compartilhamento de utilidades e serviços do Ativo Industrial de Guamaré que suportam a operação das UPGNs; e a assinatura de compromisso de aquisição de gás natural da PetroReconcavo pela Brava por cinco anos, contados a partir do segundo semestre de 2025, no volume médio de 150Mm³/d durante a vigência do contrato.
A PetroReconcavo detalhou o compromisso em seu comunicado, informando que o contrato de compra e venda de gás natural estabelece que a empresa fornecerá gás rico à Brava, por um período de 6 anos. O fornecimento será de 75 mil metros cúbicos diários (Mm³/dia) a partir de 1 de julho de 2025, de 150 Mm³/dia de 2026 a 2030, e retornará para 75 Mm³/dia no primeiro semestre de 2031.
Segundo detalhamento da PetroReconcavo, os ativos adquiridos são duas UPGNs com capacidade de 1,5 milhão de MMm³/dia em cada unidade, sendo uma em operação (UPGN III) e uma hibernada (UPGN II); equipamentos auxiliares à operação, incluindo sistemas de recebimento, compressão e armazenamento de derivados líquidos, bem como, um gasoduto que interliga a produção de gás natural da PetroReconcavo e de outros campos operados pela Brava às referidas UPGNs.
Ainda segundo a PetroReconcavo, a operação dos ativos será regulada por um Joint Operating Agreement (JOA), que passará a ser válido no fechamento da transação. A Brava permanecerá como operadora dos ativos, e será estabelecido um Comitê Operacional (Operations Committee), composto por representantes de ambas as partes, com a finalidade de estabelecer princípios orçamentários, de custo e de eficiência para a operação dos ativos.
Segundo o comunicado da Brava, assinado pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidoresa, Rodrigo Pizarro, a parceria da empresa com a PetroReconcavo no midstream de gás natural do Rio Grande Norte visa aprimorar a eficiência e maximizar a utilização dos ativos de infraestrutura, além de reduzir custos operacionais.
Já a Petroreconcavo, no comunicado assinado pelo vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores, Rafael Procaci da Cunha, afirmou que a assinatura do contrato representa um importante passo da implementação do plano de resiliência e eficiência operacional da emresa, que segue buscando a otimização de custos e garantia de escoamento e processamento da sua produção de gás natural no Rio Grande do Norte.
Negócio é estratégico para a PetroReconcavo
Segundo o CEO da PetroReconcavo, José Firmo, em comunicado divulgado nesta sexta-feira (6), a aquisição representa um movimento histórico para a reestruturação da infraestrutura do onshore no país. “Com esse investimento, damos um passo decisivo para fortalecer uma cadeia de valor mais conectada, robusta e eficiente no onshore brasileiro. Esta cooperação com a Brava Energia, na principal rota de escoamento da produção de gás natural no Rio Grande do Norte, amplia a resiliência operacional, aumenta a eficiência do sistema e otimiza custos para todos. Ao mesmo tempo, reforçamos o papel do segmento de midstream na estratégia da Petroreconcavo”, disse Firmo.
A empresa destacou que esse é o segundo grande movimento da companhia rumo à verticalização no segmento de midstream. Em 2024, foi inaugurada a UTG São Roque, na Bahia, primeira unidade de tratamento de gás da PetroReconcavo, com capacidade de 400 mil metros cúbicos por dia e investimento de R$ 23 milhões. A unidade já recebe a produção dos campos de Mata de São João, Remanso, Jacuípe e Riacho São Pedro.
“Este contrato com a Brava é um investimento estratégico para a PetroReconcavo, pois viabiliza o alinhamento dos gasodutos de escoamento da produção com a malha de transporte. Como primeira empresa privada a produzir no onshore brasileiro, damos mais um passo importante com este marco, que reforça a capacidade da companhia de processar 100% dos volumes previstos de produção, além de contribuir para atrair demanda incremental, acompanhando a expansão do mercado de gás natural no país”, informou João Vitor Moreira, VP de Novos Negócios da PetroReconcavo.
Segundo a PetroReconcavo, esses investimentos estão alinhados à estratégia da empresa de ampliar o peso do gás natural em seu portfólio. Desde a entrada em vigor da Nova Lei do Gás, em 2022, a participação do gás na produção total da companhia saltou de menos de 10% para mais de 40%, consolidando o combustível como vetor de crescimento sustentável.
Fonte: Revista Brasil Energia