Para executivo da Mercosul Line, também é preciso haver uma mudança cultural sobre a matriz de transporte
Para companhia, cabotagem é alternativa econômica e eficiente para o Brasil
Apontada por diversos especialistas como uma boa solução para minimizar os problemas do transporte de cargas no País, a cabotagem, embora venha ganhando espaço no mercado, ainda precisa vencer gargalos para torna-se eficiente para a economia brasileira.
Para Artur Bezerra, Diretor da Mercosul Line, companhia que atua no setor, os problemas de infraestrutura ainda são questões que preocupam. “Muito já foi feito, no entanto, ainda enfrentamos dificuldades portuárias para descarregar as cargas, devido as grandes filas de embarcações, e para armazenar os produtos”, aponta.
Além disso, o executivo argumenta que estas mercadorias, na maioria dos portos, ainda enfrenta uma burocracia desnecessária. “A carga de cabotagem, embora não saia das águas brasileiras, ainda passa por todos os processos burocráticos exigidos para as mercadorias vindas de outros países. Este procedimento é totalmente dispensável”, argumenta.
Outra questão apontada por Bezerra é a alta tributação dos combustíveis utilizados nas embarcações. “Enquanto o setor rodoviário conta com subsídios para adquirir o diesel, a cabotagem paga tributos muito altos, o que também atrapalha a atividade. Caso tivéssemos incentivos poderíamos alavancar a competitividade”, pondera.
O Diretor também aponta que a mentalidade empresarial brasileira ainda está muito vinculada ao modal rodoviário. “O Brasil vem de um modelo ’rodoviarista’. Ainda se crê na retórica de que um bom governo constrói estradas. Isso precisa ser mudado, com urgência”, indica.
Vantagens
Um levantamento realizado pela Mercosul Line, com base em dados mercadológicos, aponta que 41,3% dos clientes consideram a cabotagem uma alternativa vantajosa, em relação aos outros modais, sobretudo, o rodoviário.
Para Bezerra, a maior e principal vantagem da atividade é o custo. “Cada tonelada transportada por meio da cabotagem representa uma economia de aproximadamente 30% nos investimentos com transporte, em comparação com o transporte por estradas”, afirma. Além disso, segundo ele, há um baixo índice de avarias e de sinistros.
De acordo com o executivo, nos últimos anos as empresas brasileiras têm percebido os benefícios do setor. “Há dez anos, movia-se, em média, 25 mil TEUs anualmente. Neste ano, a estimativa é movimentar aproximadamente 75 mil TEUs”, conclui.